Durante o período colonial, os negros foram subjugados por práticas desumanas de repressão e controle. Mesmo após o fim da escravidão em 1888, os parâmetros da sociedade brasileira contemporânea denotam a segregação racial que a população negra vem sendo submetida. Por trás da imagem de um país multirracial e livre de preconceitos, esconde-se a manutenção de valores culturas que acentuam as distâncias sociais que o negro está sujeito. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, mas a igualdade jurídica não foi capaz de eliminar as consequências que os mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. Pra entender essa perspectiva segregacionista, basta voltar os olhos para a participação dos negros em altos cargos de empresas, atuando como médicos ou juízes e, depois, comparar com a quantidade de pessoas dessa etnia dentro de presídios, reformatórios ou atuando como pedreiros e faxineiros. Desse modo, é evidente o legado do racismo sistêmico que perpetua na sociedade, destituindo afrodescendentes da possibilidade de mobilidade social. Legado esse que passa por despercebido atrás da crença na ideia de harmonia entre etnias de um país que tem suas bases no mito da Democracia Racial. Stand-ups com piadas racistas, negros que atuam em novelas apenas com papéis de empregados domésticos, são as imagens que denotam um problema que é tratado com humor e como algo invisível, encobrindo a preservação de valores arcaicos. Sendo assim, ao constituir o estigma de um Brasil emancipado da desigualdade e da discriminação, serve para acentuar a concepção de que o racismo inexiste, negando a gravidade dessa mazela. Nelson Mandela afirma: “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” Fica claro, portanto, que deve ser instaurada uma cultura alicerçada na educação e na alteridade. Para isso, os agentes sociais como a família, devem educar as crianças com preceitos que estimulem a igualdade e o respeito, bem como, a escola pode promover debates que abordem o tema de forma consciente, a fim de construir valores éticos. Além disso, a mídia deve atuar como veículo estimulador da integração social, fiscalizando a exibição de programas que façam apologias ao negro como inferior. No entanto, para que a mudança aconteça, deve-se enxergar que o racismo existe.