Título da redação:

Questão de Reeducação

Tema de redação: ENEM 2015 - A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Redação enviada em 11/11/2015

Emma Bovary, personagem clássica da literatura universal, é apresentada na obra-prima de Gustave Flaubert como uma jovem abastada e infeliz, que vive presa a uma sociedade machista e sem oportunidades para mulheres como ela. Não obstante, sabe-se que muitas brasileiras ainda se encontram em situação semelhante a de “Madame Bovary”, pois, apesar de terem sido criadas leis para minimizar as diversas formas de violência feminina, vários são os impasses que dificultam o sucesso desse objetivo. Em primeiro plano, deve-se levar em consideração o fato de que a origem do problema é de ordem histórico-cultural, e por isso mais difícil de ser superado. Desde os tempos mais remotos, a figura do homem é a que tem se sobressaído, restando à mulher apenas papéis secundários. Essa desigualdade milenar contribuiu para o surgimento de uma linha tênue entre homem e mulher que vai além de uma simples questão biológica, fundamentada no preconceito arcaico. Assim, por mais que existam leis de proteção à mulher, como a recentemente aprovada “Lei do Feminicídio”, a violência continuará a persistir, visto que envolve valores e costumes complexos enraizados na sociedade. Além disso, é importante destacar que o ideal do homem como “protagonista da sociedade” ganhou tamanha proporção que acabou gerando um problema ainda mais perigoso: a passividade feminina perante ao abuso sofrido. Pesquisas indicam que muitas mulheres, após serem violentadas, preferem não denunciar o ocorrido, acreditando se tratar de algo “normal”. Isso precisa ser combatido, pois, após muitas lutas, a mulher conquistou seu espaço na sociedade e deve ser ouvida, como ressaltou a atriz Emma Watson em um discurso da ONU, ano passado. Torna-se evidente, portanto, que tais problemas precisam ser corrigidos para a efetivação do combate à violência contra a mulher. Para isso, é dever do Estado, além de fortalecer as leis existentes, criar campanhas que dialoguem com as mulheres, conscientizando-as de seus papéis como cidadãs. Cabe à mídia e às ONGs promover discussões em prol da igualdade de gênero, como, por exemplo, através de novelas e palestras. Por fim, cabe à escola e a família educar bem suas crianças, combatendo o sexismo desde cedo. Só assim o problema será solucionado.