Título da redação:

Escassez de igualdade

Tema de redação: ENEM 2015 - A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Redação enviada em 29/11/2015

Questionamentos acerca da racionalidade humana, no que consiste à violência contra a mulher, surgem na medida em que o Brasil se desenvolve intelectual e tecnologicamente. Nesse sentido, a recorrência dessa atitude pode ser explicada pela manutenção de uma sociedade centrada no homem e nos seus desígnios. O que denota a relevância da discussão do assunto, considerando os papéis sociais atribuídos aos gêneros no país e as relações de trabalho estabelecidas. Em primeira instância, a transição nas representações sociais de gênero não é aceita por grande parte do país, que ainda vê a mulher como submissa e responsável pelo lar, não podendo expressar seus desejos e sexualidade. Prova disso é a condescendência com o estupro, culpando a mulher por se vestir inadequadamente, e a agressão física pelos próprios companheiros em 70% dos casos denunciados por via telefônica, segundo o Conselho Nacional de Justiça. Logo, a violência se justifica aos olhos do agressor, já que a mulher desrespeitou as regras machistas impostas pela sociedade. Cabe ainda ressaltar que a saída da mulher para o mercado de trabalho não representou seu estabelecimento como igual no âmbito laboral. Ilustra essa ideia os menores salários atribuídos às mulheres, ainda que elas representem mais da metade da população universitária brasileira, e o estabelecimento de relações autoritárias, chegando ao abuso moral e até sexual. Por conseguinte, a desigualdade no contexto profissional serve como combustível para a concepção de inferioridade feminina intelectual e profissional, o que muitas vezes justifica as agressões. À luz do que foi discutido, estabelecer uma estratégia de ação contundente significa não sucumbir ao conformismo. Então é imperioso ao Estado, em parceria com a mídia, promover campanhas incentivando as vítimas à denunciar os abusos e garantir a proteção das mulheres em risco, com o auxílio das forças policiais; no que tange à iniciativa privada, políticas de equiparação salarial e repressão aos assédios moral e sexual são importantes; cabe, por fim, ao cidadão, relatar situações de violência às autoridades e tratar a mulher como ser autônomo e digno de respeito. Do contrário voltamos à época em que a mulher era apenas um objeto nas mãos dos homens.