Ao longo dos séculos, o papel da mulher vem se modificando. A princípio, dona de casa e mãe, reflexo de uma colonização patriarcal a nós imposta. Com a Revolução Industrial o público feminino começa a ter acesso ao trabalho e à própria subsistência. Na década de 70 com o feminismo e com a revolta dos soutiens, na Europa, seu lugar na sociedade consolida-se. Apesar desse longo trajeto, ocorrem, ainda, os casos “fora da curva”. Os homens, muitos ainda resistentes à nova situação, não cessam seus ideais retrógrados e machistas e ainda querem serem os senhores de suas mulheres. Por conta desse machismo, muitos a submetem , agridem humilham, maltratam, tratando-as como um objeto sem valor, que só a eles devem obediência e respeito. É impensável que, no século XXI, tal situação ainda ocorra. Na maioria das vezes, a falta de independência financeira feminina, bem como o precário acesso a educação, embotam a sua capacidade de agir. A mulher acaba se submetendo pelo medo da força bruta masculina. Simone de Beauvoir ratifica esse argumento, afirma que é pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separa do homem e que somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta. Diante deste “circo de horrores”, uma chama de esperança foi lançada: a Lei Maria da Penha, assim denominada com a identidade de uma esposa que um dia se encheu de coragem e se rebelou contra o marido. Por causa dessa lei, foram criadas as delegacias de mulheres, ainda insuficientes, sim, mas já um primeiro e importante passo para uma grande mudança. A nova mulher precisa mostrar seu novo papel. As funções de dona de casa e mãe agregam-se a funções de profissional, parceira e detentora de direitos iguais. E novamente ela precisa ir à luta de maneiras distintas. A primeira, apoiando e incentivando suas companheiras ainda inferiorizadas; a segunda, mostrando à sociedade que suas conquistas vieram para ficar. Torna-se necessário também, a ação conjunta das delegacias da mulher e do governo federal, a fim de gerar mais unidades para um melhor atendimento. Além disso, é imprescindível a prisão exemplar do agressor. Só assim será respeitada a luta secular feminina, cujo troféu é a independência e autonomia da mulher contemporânea.