Hoje Henry Ford provavelmente se surpreenderia com os rumos que o consumo tomou. Após passar por crises como a da chamada década perdida, o Brasil tem experimentado um cenário favorável ao consumidor, que vem cada vez mais consumindo de forma descontrolada, transformando isso em um verdadeiro ringue da ostentação em que o ter infelizmente vale mais que o ser. Valores e aceitabilidade têm sido colocados à mesa literalmente. Uma das principais incentivadoras para esse processo é a mídia. Propagandas com atores sorridentes e podendo ter tudo que o dinheiro lhes oferece, sutilmente dizem ao telespectador: "Compre, tenha e você será feliz!". Não é que seja errado realizar seus sonhos por meio da compra de um bem, mas quando isso se torna uma necessidade para ser aceito e bem visto pelas pessoas é prejudicial. Essa busca por espaço e visibilidade também ganhou notoriedade entre os jovens com o chamado "Funk ostentação". MC Guimê, MC Pocahontas, dentre tantos outros se tornaram ídolos em um curto espaço de tempo. Com letras explicitamente apelativas ao consumo e principalmente ostentação, vão na contramão da classe social de seu principal público e isso favorece a busca pelo tênis da moda e roupas de grife, ao invés de uma melhor moradia e educação. As diferenças sociais se tornam cada vez mais gritantes, porém disfarçadas debaixo de um luxo passageiro. Fica claro, portanto, que o consumo exacerbado e a moda da ostentação estão cada vez mais presentes na sociedade brasileira. Assim, é imprescindível que os valores iniciais como caráter e respeito sejam difundidos, principalmente às crianças e aos jovens nas escolas. Aos pais que reeduquem a si mesmos nessa questão e ponham seus filhos à par dos gastos e do que realmente é fundamental ao consumo. Que nos conscientizemos que se for para ostentar, que seja muito mais do que se está dentro de nós, do que o que os outros podem ver externamente.