O cenário mundial, impulsionado pelo advento da globalização, adquire acelerada renovação. Entretanto, apesar de tantas mudanças, alguns fenômenos culturais e comportamentais parecem perpetuar, a exemplo do consumismo, o qual ultrapassa o que seria limitado apenas ao ato excessivo de comprar, atingindo ao patamar de ideologia e sendo elencado como uma das características mais marcantes da sociedade pós-moderna. Karl Marx definira, no século XIX, mercadoria-fetiche como a adoração em adquirir novos objetos. Objetos que eram cultuados como o maior prazer dos habitantes de Leônia - cidade invisível de Ítalo Calvino - e que tinham como paixão "desfrutar coisas novas e diferentes todos os dias", vestir roupas recém-lançadas, ouvir as músicas mais populares do momento e também descartar todo o lixo produzido anteriormente. Se há quase dois séculos, críticas como essas despontavam, o que dizer nos dias atuais, os quais a maior vertente do consumismo, a ostentação, faz-se presente não apenas no comportamento de consumo, mas como expressão cultural e estilo de vida idealizado que cultua gastos hiperbólicos e desenfreados, hedonismo material e alienação do indivíduo, exaurindo a essência do ser, com o preenchimento daquilo que o dinheiro é capaz de comprar. Combater as práticas abusivas no que tange à hipervalorização do consumo diz respeito não apenas a uma mudança de comportamento, mas sobretudo, resgatar valores não materiais, valores ético, social e político na construção identitária individual e coletiva do meio. Conscientização, orientação familiar, além de educação financeira nas escolas são algumas medidas que fortalecem a responsabilidade social na formação de uma sociedade humanizada, menos pautada em bens materiais, menos desigual e consequentemente, mais justa.