O consumo desenfreado gerado pelo capitalismo já tem um papel significativo na sociedade global. Juntamente com o consumo, aliada à ascensão econômica, emerge a "ostentação", que significa, no contexto brasileiro, a compra não apenas do produto, mas da marca como forma de poder social. Esta prática tem se tornado cada vez mais frequente. A classe mais baixa criou a visão de que a ascensão econômica depende do uso de marcas caras para acontecer. O uso de símbolos para marcar a mudança de classes não é uma prática recente. No começo da Idade Moderna, com a ascensão da burguesia, esta utilizou-se do patrocínio da arte, com os mecenas, como marca, pois as manifestações artísticas, até então, eram restritas à nobreza. Assim como a arte, grifes caras e famosas deixaram de ser procuradas pela qualidade e passaram a ser objeto de desejo de grande parte da população de baixa renda. A prioridade do investimento desta população deixou de ser com os cuidados básicos e passou a ser o uso destes símbolos. A ostentação, contudo, não é inofensiva como a arte. Ela tem gerado uma inversão de valores morais, priorizando sempre o fato de ter. Esta inversão tem atingido até mesmo as crianças, gerando polêmicas com um certo limite, como foi o caso da "Mc Melody", uma criança que canta letras envolvendo ostentação e veste-se como adulta, com adereços envolvendo marcas que chamam a atenção. Vê-se que a inversão de valores atinge principalmente a classe mais baixa e menos instruída. O desejo da incorporação aos mais ricos pode ser explicado também pelo "jeitinho brasileiro", que almeja o alcance da forma mais fácil. Deve haver, principalmente, um investimento sólico em uma educação de qualidade, onde se aprenda que as conquistas se dão por méritos e conquistas, não por objetos. Esse investimento pode abranger mais rigor nos programas sociais para manter as crianças na escola e também com a inserção de matérias que visem a reflexão e a ética.