Título da redação:

Importância do "parecer ter"

Tema de redação: A ostentação e o consumismo.

Redação enviada em 13/10/2015

Durante o desenvolvimento da sociedade contemporânea, foi comum enfatizar que "ser é mais importante que ter" - tendo em vista o caráter definitivo do primeiro e efêmero do segundo -, embora os valores da sociedade irem na contramão de tal máxima. Não obstante, com o advento da mídia e das redes sociais, insere-se nessa comparação o "parecer ter", que ganha grande força em meio à ostentação da população. Nessa perspectiva, tal comportamento se mostra altamente mesquinho e conta, ainda, com o grande interesse da indústria nessa expansão do mercado. Convém destacar, primeiramente, as consequências da exaltação dos valores consumistas das pessoas. Isso porque estabelecer como ideal gastar milhares de reais em produtos dotados de certo status aumenta ainda mais a segregação na sociedade, em detrimento de valores como aceitação e respeito: um jovem de classe baixa, por exemplo, é taxado como inferior - não só pelo grupo mas também por si - se comparado a outros que esbanjam roupas e carros. Além disso, se não tiver uma instrução moral adequada, ele pode se arriscar tentando enriquecer por meios criminosos, gerando outros males para o corpo social. Por analogia, o julgamento de pessoas com roupas e celulares de baixo valor, no âmbito escolar, pode gerar casos de bulling, que causa danos psicológicos à vítima e dificulta a socialização dela. Cria-se, assim, um povo individualista e que busca sempre ter mais, que não aceita as condições alheias e condena os dissidentes às tendências. Ademais, no contexto de vangloriação do consumo, há o incentivo e interesse da indústria. Essa lança novos produtos incessantemente e, por meio da propaganda e favorecida pela atual febre da ostentação, acaba convencendo a população da importância de certos itens. Steve Jobs já disse que "as pessoas não sabem o que elas querem, até mostrarmos a elas", o que mostra a criação de necessidades por parte da indústria, as quais são prontamente aceitas pela atual sociedade exibicionista. Vê-se, portanto, que o "parecer ter" reforça a sociedade de consumo e o individualismo, caracterizando os valores da sociedade atual como mais tendenciosos ao efêmero e distante do "ser é mais importante que ter". Para mudar tal conjuntura, é imprescindível a educação da população, que pode ser efetivada por meio de campanhas midiáticas que visem a aceitação do outro. Os expoentes da cultura da ostentação - como Mc's e jogadores -, por sua vez, devem pregar valores mais construtivos, como a vida em comunidade e a força do grupo. Por fim, o governo deve regulamentar a indústria publicitária, a fim de diminuir a influência das empresas na criação de necessidades.