Título da redação:

Gaiolas da hipocrisia

Tema de redação: A ostentação e o consumismo.

Redação enviada em 29/05/2015

Vive-se, hoje, em uma sociedade em que o homem renuncia aos seus próprios valores e sua personalidade em detrimento de uma vida de exibicionismo, regada pelos exacerbados e lamentáveis requintes de futilidade. Essa apologia à ostentação e ao consumismo é sustentada, principalmente, pela mídia e pela ânsia de superioridade presente nos humanos. Dessa forma, essa máxima pode semear vícios e deve, portanto, ser controlada pela família desde a infância, evitando que os inocentes transfigurem-se em verdadeiras vitrines, como retrata o poema ''Eu etiqueta'' de Carlos Drummond de Andrade. Consoante a isso, a mídia atua como coadjuvante nesse cenário, nutrindo-se da fragilidade psicológica tanto das crianças, quanto dos adultos, frente ao materialismo. Sendo assim, ela instiga a massificação do endividamento a longo prazo, por meio da projeção do idealismo sobre os produtos comercializados em propagandas manipuladoras. Segundo o sociólogo Leonardo Boff '' os olhos veem a partir de onde os pés pisam. '', ou seja, se os pais são consumistas e se rendem a esse ideal publicitário, possivelmente, os filhos também serão desse modo. Assim, a melhor forma de doutrinar os seres acerca do consumismo imediatista e descontrolado é observando e reformulando a si mesmo, desvinculando-se das ''garras'' da publicidade e da inversão de valores que ela causa. Nesse contexto, é importante considerar as consequências do enaltecimento do supérfluo hoje em dia. Isso porque, essa valorização condenável recria e corrompe a identidade dos indivíduos que, através da exibição de mercadorias luxuosas, tentam provar sua superioridade frente ao outro, sendo encarcerados, por fim, em ''gaiolas da hipocrisia''. Essas gaiolas ludibriam e dificultam a compreensão sobre a verdadeira face da felicidade, assim como, ocorre com as personagens acometidas pelo ''mal branco'' no romance ''Ensaio sobre a Cegueira'', de José Saramago. É indiscutível, portanto, quão destrutivos e nocivos o consumismo e a ostentação podem ser, de modo que, muitas vezes, desvirtuam o homem, cegando-o mediante errôneos valores, vícios e demais futilidades. Logo, para que isso seja evitado é necessário que a conjuntura familiar eduque os pequenos de forma que não se tornem tanto ''etiquetas humanas'', como censurava Drummond, quanto compulsivos consumidores incentivados pela mídia. Isso deverá ser efetivado por meio desta limitação financeira: mesadas preestabelecidas e sem reposição. Afinal, viver em função do materialismo é como habitar uma gaiola, a qual impede as asas da verdadeira felicidade de alçar voo.