Engana-se quem pensa que a crise no Brasil afetou o consumo de marcas internacionais de luxo no país. De acordo com a revista Época, a grife francesa de roupas luxuosas Saint Laurent cresceu 27% em relação à 2013, e está aumentando seu mercado consumidor brasileiro. De fato, a sociedade está aderindo o consumismo, e a chamada "onda da ostentação", que nem sempre condiz com sua real situação econômica. Essa atual geração de consumo em massa, vê nas caras marcas de roupas, óculos e etc., o fator derterminante para sua aceitação nos ambientes "finos" e sofisticados, ou a condição para conviverem com aqueles pertencentes às classes mais altas. Essa preocupação em ter (necessário para ser), os faz acreditar que para fazer parte da sociedade é necessário ostentar artigos de luxo, roupas caras e eletrônicos de última geração. Atrelado a isso, o luxo se apresenta como porta de entrada para o tão almejado "mundo dos ricos". Entretanto, o fato de não possuir condições financeiras para sustentar a pose de ostentação, muitos recorrem até mesmo ao crime - pirataria e furtos. Dessa forma, percebe-se que não há limites para possuir o produto do momento, quando este simboliza reconhecimento. É significativo admitir que as desigualdades sociais estão fundamentadas no verbo possuir, que exclui as camadas mais pobres. Portanto, é necessário que o Estado e a população incluam esses indivíduos na sociedade. Melhorar e incentivar todas as classes à frequentarem os espaços públicos, e ao respeitar e aceitar às diferentes pessoas que compõe , colaboram para que ocorra uma maior interação entre elas. Reconhecer o valor do ser é primordial em qualquer sociedade. No entanto, enquanto o ter se mantiver como catraca de seleção de classes, a sociedade enfrenta o dilema que pode ser traduzido parafraseando Shakespeare: Ser ou ter, eis a questão.