Título da redação:

Consumo, logo existo

Tema de redação: A ostentação e o consumismo.

Redação enviada em 05/05/2016

A partir da consolidação do Capitalismo no Brasil, do século XX ao XXI, o indivíduo passou a absorver características intrínsecas ao sistema, como o consumismo e o individualismo. Diante disso, a busca incessante pelo poder de consumo revela uma lógica dantesca, uma vez que a delimitação social em classes aflora a desigualdade e limita o ideário das camadas inferiorizadas. Com isso, surge à ostentação como fruto de uma sociedade que, apesar de moderna, permanece refém de interesses mercadológicos, sendo válida a análise de suas implicações, bem como das medidas de contenção a essa mazela. É importante salientar que o caminho para elucidar a problemática encontra seu primeiro obstáculo na delimitação do poder midiático na vida do brasileiro. Ao longo de seu processo de formação social, o indivíduo é exposto a perspectivas que promovem o consumo e o associam à ideia de satisfação e de felicidade, muitas vezes, por meio da publicidade abusiva. Nesse sentido, as mercadorias criam novas e falsas necessidades, e o resultado desse processo é o que Herbert Marcuse, filósofo alemão, denomina de euforia da infelicidade, já que o necessário é originado por interesses de mercado. Em consequência, a ostentação adquire um perfil paradoxal, uma vez que ao invés de proporcionar contentamento, na realidade, garante a permanência do ideário capitalista no cotidiano. Desse modo, há uma geração de seres individualistas, adepta ao dispêndio e que, em determinados casos, substitui sentimentos, ações e valores por meros objetivos do universo mercadológico. Outrossim, o capital influencia, através do acúmulo de riquezas, os padrões que decidem a integração de um indivíduo no meio em que ele se insere. Karl Marx elaborou essa teoria no século XIX e é incrível verificar o quão atual ela se mantém, uma vez que a frequente luta de classes reserva aos desfavorecidos apenas o sonho de ascensão. Por conseguinte, o consumismo, associado à ostentação, encontra-se presente, principalmente, nos centros periféricos e nos setores infantojuvenis, já que, marginalizados, encontram nessa prática uma alternativa de mobilidade social e de visibilidade. Assim, por conta da dinamização das informações e dos valores capitalistas, o consumo indiscriminado não se restringe aos detentores do poder econômico, ergue-se, porém, nos mais variados contextos sociais, em que a procura pela aceitação ultrapassa os modelos de conduta e estabelece uma vertente de ostentação. Em suma, observa-se que o consumismo relacionado ao exibicionismo surge como uma luta social pela representação, tangente aos impactos populares promovidos. Dessa maneira, organizações do terceiro setor, sob auxílio de escolas e universidades, devem promover fóruns e oficinas de educação financeira periodicamente, a fim de informar os setores civis acerca das melhores alternativas de consumo e garantir uma consciência social plena acerca do uso do capital, sob auxílio de psicólogos e economistas. Ademais, a própria comunidade, inclusive o núcleo familiar e individual, deve se organizar para debater sobre os impactos de um caráter consumista, em destaque, entre os jovens, com o intuito de formar futuros adultos mais bem preparados para o universo mercadológico. Dessa feita, por essa sinergia há de se ter uma mudança gradativa de postura ao restabelecer o princípio cartesiano de criticismo.