Na tentativa de se sentir respeitado no mundo capitalista, o homem moderno se submete à apreensão de coisas. Inicialmente, o ato de ostentar para outro seu poder de compra desperta muitas vezes felicidade e a sensação de superioridade; todavia, para manter tal status social, ele deixa de perceber reais desejos. Com base na perspectiva sartreana , vale mencionar que o ser livre é o indivíduo capaz de planejar sua vida. Nas novelas, nos programas televisivos, nas redes sociais, nos anúncios publicitários, é possível observar que o sucesso de um indivíduo está vinculado à sua capacidade de compra e à sua aparência. Sendo assim, para não se sentir excluídos, muitos jovens e até mesmo adultos gastam uma soma significativa do salário com roupas, sapatos e reservam menos dinheiro e tempo para a educação, o lazer e as relações pessoais. De acordo com Zygmun Bauman, o consumismo aprisiona o indivíduo, pois ele precisa trabalhar cada vez mais para manter seu status social. Com os avanços tecnológicos, os bens de consumo tornam rapidamente obsoletos. Nessa dinâmica, o prazer despertado ao se obter o telefone do último lançamento dura cada vez menos. Quanto às consequências de uma vida centrada na ostentação, vale mencionar que psicólogos, entre outros especialistas da área da saúde, advertem que a compulsão à compra apresenta efeitos similares aos das drogas no organismo humano , levando ao estresse, à depressão . Apesar de vivermos em um sistema capitalista, as famílias, as pessoas e as instituições escolares precisam mostrar às crianças, aos jovens que a felicidade e o sucesso não estão vinculadas apenas ao ter, mas sim, na capacidade humana de agir sobre o mundo e sobre si mesmo de maneira crítica. Para tanto, as escolas precisam valorizar mais tempo para as aulas de filosofia, sociologia nos currículos e propor atividades de caráter mais humanístico. No espaço familiar, é essencial que os pais demonstrem a seus filhos o prazer em coisas simples da vida, como: ler um livro, andar de bicicleta, encontrar os amigos.