A cultura de ostentação de possuir em abundância objetos caros, não é uma tendência recente, no século XVIII, Maria Antonieta já usava do luxo para se impor na corte de Versalhes. As pessoas estão priorizando as conquistas de bens materiais sobre o crescimento pessoal, o que implica numa vida cheia de incertezas. Nesse mundo líquido, como descreveu o sociólogo Zygmunt Bauman, a sociedade consumista dilui os valores morais. Hoje vivemos a lógica da propaganda despertando uma necessidade de consumo. Com efeito, de os indivíduos comprarem os produtos pelo discurso bonito da marca, ao invés de adquiri-los pela sua função. Então, as mercadorias devem agregar uma maior projeção a fim de atrair cada vez mais consumidores, o que era antes um simples celular é agora razão de fetiche para muitas pessoas. Algumas que chegaram a acampar na fila para garantir a compra do seu “Iphone 6”. Nesse contexto, o consumo desenfreado é uma maneira que o cidadão tem de mostrar o seu “status quo” perante a sociedade; não basta possuir o objeto, é preciso também ostentar.É uma necessidade de autoafirmação dentro de um grupo social o que acarreta mudanças nas questões da vida humana. Desse aspecto, é criada uma nova dimensão do modo cotidiano pessoal através das redes sociais. Onde as pessoas postam fotos de compras ou desfrutando de um almoço requintado, muitas vezes, não retratando a sua verdadeira realidade e sim uma idealização de seu estilo de viver. Essa exposição do consumismo pode ser um refúgio que as pessoas encontraram para preencher o seu vazio existencial.Com isso, o psicanalista Lacan explicou que à ação de comprar é, também, um meio que o indivíduo achou para substituir um desejo reprimido por um produto. Assim sendo, numa comunidade hedonista que a compulsão pela aquisição de bens pode levar à transtornos mentais ou comportamentais é preciso priorizar uma vida mais minimalista. Isso pode ser feito com uma faxina na casa colocando para doação os objetos que não são mais usados, buscar apoio em grupos da internet que sofrem do mesmo problema e até mesmo procurar por terapias de autoconhecimento com psicólogos. Pois, como explicava Sócrates, o ser humano só pode conhecer a realidade humana se antes conhecer a si mesmo.