Título da redação:

As eternas Cruzadas da intolerância religiosa

Tema de redação: A intolerância religiosa no Brasil

Redação enviada em 16/10/2016

No fim da revolução francesa, com a separação entre Igreja e Estado, surgiu o conceito de Estado laico, ou secular, ou seja, que não é influenciado por nenhum dogma de nenhuma fé. Apesar de ser um Estado supostamente laico, o Brasil ainda enfrenta dificuldades na tolerância religiosa. Em contradição a este laicismo, a fé, em diversas vezes, acaba por sobrepor-se ao respeito às liberdades individuais através da violência, seja esta moral, discriminatória, ou física. De acordo com o filósofo Friedrich Hegel, a sociedade é formada por meio da dialética histórico-idealista. Dessa forma, através de uma história baseada na doutrinação cristã, em todo o Ocidente, a sociedade é regida, em geral, por uma moral cristã, devendo as suas obrigações e restrições tradicionais serem espontaneamente impostas a toda a sociedade. Portanto, mesmo apesar de tanto secularismo e sincretismo, o cristianismo é tradicionalmente intolerante: os seus ensinamentos implicam na caça aos hereges. Sendo assim, a intolerância cristã, em condição sacra, deve se efetivar, por exemplo, por meio da agressão física, como ocorreu, no Rio de Janeiro, no ano passado, a uma menina do candomblé, a qual foi depredada por evangélicos fanáticos na saída do culto em seu terreiro. Outrossim, há de se considerar os efeitos políticos da intolerância religiosa. É comum, nas decisões políticas, os preceitos religiosos terem mais relevância do que a própria razão ou poder. Provas disso são as constantes perseguições, sobretudo religiosas, aos direitos das comunidades LGBT, em especial, ao casamento homossexual, o que se explica no ensinamento bíblico que condena o homossexualismo. Também vale ressaltar a notável presença de uma bancada evangélica, em pleno Estado laico, na Câmara a tomar decisões por toda a população, sendo estas baseadas, quase integramente, em dogmas religiosos. Fica clara, portanto, a contradição que o laicismo encontra com a prática da democracia, no que se refere à atenuante intolerância religiosa. A solução deve estar na educação: as escolas devem incluir disciplinas de convivência que ensinem o respeito mútuo entre as diversas religiões, visando evitar a construção, na infância dos indivíduos, de pensamentos discriminatórios e/ou intolerantes, que já não podem mais perdurar na sociedade. Espera-se, assim, um futuro onde as diversas pessoas convivam, harmonicamente, entre si, com suas diversas crenças.