Título da redação:

A pedra da discriminação

Tema de redação: A intolerância religiosa no Brasil

Redação enviada em 08/07/2016

Em 2015, o ataque fundamentalista ao jornal Charlie Hebdo reacendeu as discussões sobre a liberdade de expressão e a intolerância religiosa. No entanto, crimes de ódio no âmbito da religião são vistos com frequência na História, tal como ocorreu no século XII, na França, onde surgiram as Inquisições, cujo objetivo principal era combater a heresia. Diante disso, é possível perceber que o preconceito contra diferentes crenças persiste intrinsecamente à realidade mundial, seja pelo desrespeito no cotidiano, seja pelo pensamento de superioridade religiosa, colocando em xeque o respeito à diversidade. É válido considerar, antes de tudo, a discriminação presente no cotidiano como impulsionadora dessa problemática. Uma mentalidade preconceituosa, aliada ao desconhecimento da pluralidade das religiões, faz com que atos de violência, física e verbal, sejam vistos constantemente. Assim, embora haja uma grande diversidade religiosa no mundo, é possível perceber que a intolerância, por muitas vezes, é velada, contida, por exemplo, em piadas e em gestos. No entanto, a discriminação também pode se apresentar de forma mais radical, como na destruição de canteiros de religiões de matriz africana e em agressões físicas, tal qual foi o caso, no Rio de Janeiro, de uma menina de 11 anos que foi apedrejada apenas por pertencer ao Candomblé. Outrossim, cabe destacar o mito da superioridade religiosa na contemporaneidade. Mesmo que na Declaração Universal dos Direitos Humanos seja assegurada a religião como uma das liberdades fundamentais, a violência e a imposição de crenças ainda são barreiras que impedem a livre manifestação religiosa. Nesse sentido, os fundamentalistas religiosos, a fim de impor a sua doutrina em detrimento de outras, são capazes de cometer assassinatos em nome de sua fé, como foi o caso do atentado na casa de shows Bataclan, em Paris, tendo mais de 100 mortos. É evidente, portanto, que a intolerância religiosa ainda está presente no mundo contemporâneo. Para atenuar essa problemática, é necessária a conscientização da sociedade, isso pode ser feito por meio da atuação em conjunto de ONGs, Estados e mídia, a fim de veicular campanhas em escala mundial, através da televisão, sobre a liberdade e o respeito religioso, diminuindo, assim, a discriminação e os discursos de ódio. Ademais, é fundamental que os Estados implementem mecanismo de especialização policial que puna exemplarmente indivíduos e grupos extremistas que demonstrem através de discriminação, violência e ameaça, suas presunções de superioridade religiosa, com intuito de coibir massacres. Só assim, tratando causas e minimizando consequências, será possível a manifestação livre da religião sem ser apedrejado.