Os conflitos imperialistas antecessores à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) empoderaram nações europeias a realizarem, segundo a Conferência de Berlim, a partilha da Ásia e África. A restituição territorial pós-guerra culminou em perturbações internas de ordem sociocultural que se perduram até hoje. Tal fato demonstra a frieza do etnocentrismo e expõe a indiferença quanto aos costumes alheios, apoiando-se num sentimento de intolerância, que transgride pilares dos Direitos Humanos. De maneira análoga, a catequização indígena no Brasil também simboliza uma agressão cultural, que resultou num choque étnico intenso. As consequências negativas deste relato marcante são visualizadas nas condutas não éticas de muitos brasileiros. A mídia, diariamente, veicula muitos casos de agressões física e moral a determinados grupos religiosos, que encontram seus direitos deturpados por sentimentos advindos de uma mentalidade retrógrada e inflexível. O filósofo francês Pierre Bourdieu denomina o capital cultural como principal ferramenta de disseminação de condutas radicais e intolerantes. A sociedade, para ele, torna-se sua própria vilã ao acatar inúmeras práticas agressivas, sem impor seu posicionamento contrário e tampouco lutar para que a incidência de casos intolerantes ao cunho religioso seja retraída. Destarte, torna-se imprescindível que o governo atue em concordância com a comunidade para tornar harmônico o âmbito social. Ao primeiro órgão, cabe garantir a todo cidadão, a manutenção de seus direitos, como também, potencializar as ações punitivas, já existentes, aos perturbadores da liberdade alheia. Já ao segundo, requer-se uma mobilização intensa de denúncias aos atos intolerantes e além disso, tornar os seus filhos conhecidos a respeito da ética social, para que estes cresçam e por fim, tornem-se cidadãos retos ao cumprimento dos direitos direcionados e cabíveis a todo ser humano.