A Idade Média foi um período ícone em relação a religião, por mostrar a forma como as crenças podem conduzir uma sociedade, seja para o bem, seja para o mal. No Brasil, onde há uma multiplicidade religiosa, as diferenças acabam gerando intolerância. Por afetar desde a política à segurança, permanece desafio nacional, então, atenuar essa questão. Ainda que nossa nação seja um Estado laico, percebemos a interferência religiosa em vários âmbitos, entre eles o político. São frequentes as propagandas políticas que usam desse aspécto para garantir eleitores, mesmo que para isso excite na sociedade um rivalidade entre religiões na busca pela razão dos problemas nacionais. Tal contexto torna-se mais grave quando esses políticos de fato conseguem um cargo e buscam implantar medidas de acordo com suas crenças. Ilustra isso a proposta em trâmite no Senado para oficializar como família apenas aquelas compostas por um homem e uma mulher. Ela foi elaborada por um reconhecido líder religioso, todavia, também coloca em risco direitos conseguidos por minorias na sociedade. Assim, vemos o quanto é perigosa a religião nesse cenário. Outro ponto afetado pela falta de tolerância perante a diversidade religiosa é o da segurança. Assim como a violência, a discriminação religiosa tem raízes que retomam nosso passado colonial e permanecem como herança na contemporaneidade. Entretanto, o país se transformou numa democracia e garante em sua carta constitucional a liberdade de culto, o que contraria a frequência de casos com agressões geradas por intolerância religiosa. O recente caso, ocorrido no Rio de Janeiro, contra uma menina que seria iniciada no Candomblé exemplifica essa situação. Dessa forma, vemos os próprios direitos do cidadão serem comprometidos. O bem comum social, portanto, precisa estar acima da intolerância religiosa que persiste no país. Para tanto, o poder público deve tornar inconstitucional não só as propagandas políticas, mas também as propostas no Senado, que tenham fundamento religioso, já que elas atingem toda nação. O Estado precisa reforçar a punição de crimes provocados por preconceito religioso e, junto a isso criar comissões interreligiosas para debates sociais envolvendo o cidadão. Afinal, em comum, queremos a harmonia.