Desde o advento da Revolução Industrial, no século XVIII, a população é desafiada a lidar com mudanças e adaptações. No Brasil contemporâneo, tal desafio surge da necessidade de superar o problema que envolve a dificuldade de integração social dos portadores de Síndrome de Down que continua ocorrendo na sociedade, devido à falta de aplicação das leis e ao histórico cultural de exclusão. Precipuamente, sob a ótica jurídico-normativa, a persistência da problemática no Brasil possui estreita relação com a inaplicabilidade das leis, que funcionam num plano abstrato. Essa lacuna decorre da sensação de impunidade e permissividade do Poder Judiciário de exercer o poder, a competência e jurisdição que lhes é inerente. Nesse sentido, em um artigo publicado pela Folha de São Paulo, o jornalista Elio Gaspari afirma que a recorrência dos casos de exclusão dos portadores de Síndrome de Down é decorrente do enfraquecimento jurídico na sociedade brasileira. Dessa maneira, a superação do problema configura-se como um importante desafio político-nacional. Em semelhante proporção, o histórico cultural de exclusão é um mecanismo intenso de agravamento do preconceito, uma vez que a sociedade foi formada por bases de segregação. À guisa de Maquiavel, "é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão". Esse panorama social, no Brasil, explica-se por uma mentalidade de colônia, que induz o povo a acreditar que é normal viver subjugado. Nesse contexto, casos de crianças com Síndrome de Down, sendo impedidas de estudar em escolas "comuns", continuam ocorrendo, devido à formação cultural da população, o que aponta para a imprescindibilidade de superação dessa grave conjuntura social. O grave caso de dificuldade de integração de portadores de Síndrome de Down, portanto, tem como vetores a falta de aplicação das leis, em paralelo ao histórico cultural de exclusão. Para que haja a imprescindível superação dessa conjuntura social, o Poder Judiciário deve empenhar-se na reformulação do sistema jurídico para torná-lo efetivamente aplicável, com penalizações condizentes para os infratores. Além disso, as escolas devem promover núcleos de debates que orientem sobre a causa do problema e apontem caminhos para a busca de uma solução, a fim de diminuir os casos de vitimas da exclusão social devido à Síndrome de Down, contrariando, dessa forma, o pensamento de Maquiavel.