Nas eleições de 1945, a propagação de notícias falsas entre a população, como boatos de que o candidato à presidência major-brigadeiro Gomes seria contra trabalhadores marmiteiros, negros, espíritas e mulheres que trabalham fora de casa, resultou na vitória de seu adversário, apoiado por Vargas, general Enrico Dutra. De maneira análoga ao episódio histórico, a sociedade brasileira observa uma crescente divulgação das “fake news”, que, devido ao alto teor de disseminação entre a população e ao poder de convencimento podem alterar negativamente o cenário político do país, o que legitima o debate acerca da problemática. É inegável que as redes sociais proporcionaram uma maior integração social, sendo indispensáveis para a comunicação em relações a distância, além de disponibilizarem infinitos conteúdos, garantindo assim, a discussão de temas com melhor aptidão. Contudo, entre tantos prós, o uso das redes como instrumento que facilita a divulgação de notícias que difamam personalidades, mudam a opinião pública com objetivo político e destroem a imagem de empresas/ produtos são algumas das consequências da capacidade que as “fake news” têm de chegar a receptores e convence-los, visto que, apesar de serem dados inverídicos, são convincentes. Outrossim, convém salientar que, a maioria das informações falsas recebidas contêm argumentos de autoridades fora de contexto e são baseadas em estatísticas de pesquisas que não têm procedência. Assim, a persuasão do leitor/ eleitor é simplificada. Além disso, ainda não há uma legislação específica e suficiente para punir quem produz e compartilha notícias de falso embasamento. Isso ocorre, pois, as tentativas de criminalização das “fake news” são tardias. Simultaneamente, a reincidência da disseminação de matérias políticas duvidosas, que já era motivada pelo ganho de eleitores, torna-se ainda maior pela sensação de impunidade por parte dos produtores. O êxito das redes sociais, poder de convencimento e a falta de punição dos produtores de artigos falsos são, portanto, as razões pelas quais as “fake news” configuram-se como entrave à estabilidade política do Brasil. Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral, em parceria com empresas de comunicação e com objetivo de atenuar os efeitos de informações falsas no pensamento político da nação, deve promover, nas redes sociais, uma série de fiscalizações, a serem feitas por peritos em informática, que busquem neutralizar a divulgação desse tipo de notícia nos espaços virtuais. Ademais, cabe ao indivíduo policiar-se sobre as fontes de notícias que compartilha e reconhecer indícios de possíveis “fake news”. Para isso, é dever do Poder Executivo estimular a criação de campanhas de caráter obrigatório, divulgadas em canais de TV, que auxiliem a população. Dessa forma, a problemática será amenizada, e a influência desses dados será reduzida, rompendo com o ciclo oriundo dos primórdios da história brasileira.