Tendo em vista, no início do século XXI, o desenvolvimento das ferramentas de comunicação, como a internet, observa-se que esse canal apresenta uma enorme penetração social. No entanto, tal instrumento tem sido usado para propagar notícias falsas e promover realidades políticas incondizentes com a verdade. Nesse panorama, revela-se a capacidade de as fake news alterarem o rumo das eleições e contribuírem para a inconfiabilidade das instituições públicas, além de propiciarem a alienação da sociedade. Em primeiro lugar, é imprescindível destacar a relação entre a divulgação de boatos e o desmérito dos opositores políticos. Para ilustrar essa situação, pode-se mencionar o ocorrido nos pleitos americanos de 2016, em que a candidata Clinton tornou-se alvo de falsas notícias que a relacionavam a um homicídio, fato que suscitou seu descrédito e a consequente mudança do paradigma eleitoral. Outrossim, é possível citar o caso da ex-vereadora carioca, Marielle Franco, que, após uma cruel execução, teve reproduzido nas redes sociais que possuía relações com o tráfico de drogas, quadro que objetivava invalidar sua posição político-ideológica. Dessa forma, ficam demonstradas a possibilidade de as fake news remodelarem as decisões públicas e, também, a urgência de proporcionar a melhoria da educação digital, a fim de que o fenômeno discutido seja amenizado. Ademais, é preciso colocar que as fake news, além de funcionarem como dispositivos de manipulação social, favorecem a descrença nas instituições estatais, cenários que enfraquecem a organização política do país. Isso se deve ao fato de que a mídia, enquanto detentora dos veículos de transmissão de notícias, exerce um papel fundamental no controle do imaginário social, uma vez que essa possui o poder de criar e compartilhar conjunturas de alto alcance populacional, conforme divulgado em pesquisa da USP, em 2018. Nesse sentido, coloca-se a democracia em risco, já que a sociedade perde a criticidade inerente ao exercício efetivo de sua participação política. Nessa ótica, fica clara a importância de o Poder Público estabelecer mecanismos de restrição e punição dos condutores de tais boatos. Diante do exposto, torna-se notório que o processo de compartilhamento de fake news atinge diretamente a população, pois acarreta empecilhos à prática da política no país. Para contornar esses entraves, portanto, é preciso que as escolas, por meio das salas de informática, ensinem os alunos as formas de checar a validade de um noticiário, como, por exemplo, pesquisar a reputação do jornalista responsável pela matéria, com o fito de que o uso dos canais de comunicação seja proveitoso e consciente. Além disso, é necessário que o Estado, por meio da Polícia Federal, crie departamentos específicos para o combate às notícias falsas, especialmente as que se referem aos partidos e aos agentes políticos, de forma que as instituições públicas sejam protegidas e as decisões sociais aconteçam de maneira isenta. Assim, ver-se-á a dirimição dos efeitos negativos das fake news nos processos políticos nacionais.