Na mitologia grega, a Esfinge de Tebas submetia os viajantes que por ela passavam a um enigma. A sentença "Decifra-me ou te devoro" era regra. Diante desse desafio, o conhecimento era fundamental para a sobrevivência. Esse mito pode ser relacionado com as fakes news, já que "decifrar" essa problemática revela-se como forma de não ser "devorado" por ela. Nessa perspectiva, cabe analisar essa questão no Brasil. De início, nota-se que parte da população não tem se incomodado com as notícias falsas, o que demonstra um processo de naturalização do que é negativo. Sabe-se pois, que aceitar essa postura pode ter como consequência do agravamento da situação, já que deixa de haver empenho coletivo para se alterar essa realidade. Levando em considerações os estudos da filósofa Hannah Arendt, devido a um processo de massificação social, as pessoas estão perdendo a capacidade de discernir o certo do errado. Ainda, pontua-se que as fakes news são um reflexo das relações de poder presentes na sociedade. Sabe-se, que em prol da manutenção do "Status quo", grupos dominantes neutralizam as forças de demais agrupamentos. Prova disso pode ser, o discurso calunioso acerca de um determinado grupo político beneficiando, assim, os partidos adversários. Esse fato vem a fortalecer o discurso do filósofo Michel Foucault de que o controle do outro se revela como uma forma de garantir privilégios. Ressalta-se, portanto, que as fakes news devem ser combatidas. Para isso, é necessário sensibilizar a sociedade, via organizações não governamentais, para que o problema com notícias falsas não se naturalize. Também, é imprescindível desconstruir, via ações não governamentais, a concentração de poder das forças políticas que reforçam a dominação entre demais agrupamentos, para que, assim, discursos caluniosos não se propaguem. Desse modo seria possível vencer a Esfinge da falta de parcialidade.