A ameaça das notícias falsas nas eleições brasileiras. Durante o governo do então presidente Getúlio Vargas, em 1937, houve um escândalo de um suposto golpe comunista, chamado Plano Cohen. Vargas, usando do poder persuasivo da mídia, por meio do programa Hora do Brasil, usou dessa notícia falsa para deflagrar um golpe e instituir um regime ditatorial no país, o Estado Novo. Mesmo após 81 anos do acontecido, o Brasil continua a sofrer com notícias falsas no âmbito político, o que gera caos e impede que a democracia opere com clareza e justiça. As notícias falsas, popularmente conhecidas como “fake news”, ganharam força devido a um fenômeno de descrédito da mídia. Com o advento da internet e do mundo globalizado, o jornal e as velhas mídias começaram a gradativamente perder assinantes e, por consequência, também o dinheiro. Assim, para superar a crise, diversos profissionais foram demitidos e substituídos por outros menos experientes. Incapazes de contornar a situação, muitos jornais fecharam e a qualidade do jornalismo e das notícias apresentadas caiu, fazendo com que as pessoas perdessem a confiança nesses veículos de informação. Paralelamente, outro fator determinante para a crença e difusão de notícias falsas envolvendo a política é o baixo nível educacional. Segundo o Sistema de Educação Básica (SAEB), menos de 2% dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio dominam o conteúdo de língua portuguesa. Nesse contexto, a falta de senso crítico e alienação social são fundamentais para a ampliação dessa problemática. Consequentemente, o eleitor é manipulado e fica confuso ao buscar a informação, provocando instabilidade no processo eleitoral. Conclui-se, portanto, que a disseminação de notícias falsas é extremamente prejudicial à democracia e ao desenvolvimento do país. Assim, cabe ao Governo Federal apoiar agências, como as de “fact check”, que fazem checagem de informações, a fim de reconquistar a confiança da sociedade. Além disso, ele deve investir na educação básica, por meio do aumento do piso salarial dos professores e da revogação da lei de aprovação automática. A imprensa, por sua vez, deve fazer parcerias entre os veículos de comunicação, com o objetivo de criar um padrão de qualidade de apuração de notícias. Dessa maneira, as “fake news” gradativamente desaparecerão e o país poderá prosseguir com um processo eleitoral mais claro, justo e democrático.