Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A importância de se discutir doenças mentais na contemporaneidade

Redação enviada em 28/02/2019

Durante a antiguidade, os transtornos mentais tinham um caráter que variava desde um dom divino até as temidas possessões demoníacas. Nesse sentido, era comum interpretar a loucura como uma espécie de ponte com o universo oculto. Foi então que Hipócrates, o pai da medicina, separou a doença mental dos mitos e lendas do passado. Entretanto, apesar dos avanços para o diagnóstico e para a terapêutica das doenças mentais, alguns aspectos obscuros associados a esse tipo de patologia perpetuam-se, impedindo o diálogo aberto sobre o tema na atualidade e dificultando a prevenção de novos casos. Com o passar do tempo, a chamada ‘Revolução Psiquiátrica’, inaugurada pelo médico francês Philippe Pinel, revolucionou a forma como as patologias da mente eram classificadas e tratadas. Todavia, apesar dos grandes avanços alcançados na terapêutica da doença psiquiátrica, pouco foi feito para mitigar o estigma que acompanha o doente mental, fato esse que retarda, quando não impede, a busca por ajuda especializada. Consequentemente, dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram o aumento vertiginoso do número de casos psiquiátricos, indicando que os agravos mentais serão, em breve, o principal motivo de incapacidade no mundo. Sendo assim, um número cada vez maior de indivíduos deixará de produzir em decorrência de alguma doença mental, o que acarretará em um ônus social sem precedentes. Ademais, o descrédito social que assombra o doente mental, principalmente no Brasil, é responsável por efeitos nefastos na vida dessas pessoas. De acordo com o ‘Portal do Psicólogo’, o diagnóstico de doença mental é cercado por um véu de vergonha, medo e preconceito, motivo pelo qual dificilmente se fala a respeito do assunto. Por conseguinte, o temor de carregar consigo essa nódoa desencoraja os pacientes afetados a falarem sobre seus sentimentos e dores, o que pode conduzi-los a uma piora significativa do quadro clínico. Como resultado, cresce exponencialmente o número de casos de suicídio, sendo que a esmagadora maioria das ocorrências está diretamente relacionada à pré-existência de doença mental, segundo estatísticas da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Por trás dessa realidade nefasta de discriminação e de mortes de pacientes psiquiátricos, encontra-se um inimigo mortal: o silêncio. A ausência crônica de diálogo e de esclarecimento acerca do assunto resultou, no Brasil, em um verdadeiro genocídio, amplamente retratado no livro ‘Holocausto Brasileiro’, escrito pela jornalista Daniela Arbex. Nessa obra, a escritora explicita ao público uma realidade cruel de descaso e omissão que resultou na morte de aproximadamente 60.000 pessoas, mostrando para a sociedade os danos irreparáveis do silêncio perante as doenças mentais no Brasil. Diante dos fatos, torna-se óbvia a necessidade de discussão do assunto. Para tanto, caberá ao Ministério da Saúde promover campanhas voltadas ao esclarecimento e à orientação da população sobre o diagnóstico, a terapêutica e o prognóstico das doenças mentais. Para isso, médicos e psicólogos das unidades de saúde deverão realizar palestras abertas à participação popular sobre o universo da saúde e da doença mental, com o objetivo de acolher e sanar dúvidas sobre o tema, contribuindo para a mitigação do estigma que tanto tortura o portador de transtorno psiquiátrico.