Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A importância de se discutir doenças mentais na contemporaneidade

Redação enviada em 26/02/2019

Durante a antiguidade, os transtornos mentais tinham um caráter que variava desde um dom divino até às temidas possessões demoníacas. Nesse sentido, era comum interpretar a loucura como uma espécie de ponte com o universo oculto. Foi então que Hipócrates, o pai da medicina, separou a doença mental dos mitos e lendas do passado. Entretanto, apesar dos avanços para o diagnóstico e a terapêutica das doenças mentais, alguns aspectos obscuros associados a esse tipo de patologia se perpetuam, impedindo o diálogo aberto sobre o tema na atualidade e dificultando a prevenção de novos casos. Com o passar do tempo, a chamada ‘Revolução Psiquiatrica’, inaugurada pelo médico francês Philippe Pinel, mudou a forma como as patologias da mente eram classificadas e tratadas. Antes tidas como resultado de má sorte ou da influência de maus espíritos, sabe-se hoje que as doenças mentais são o resultado de desordens neuroquímicas, muitas vezes passíveis de tratamento e de cura. Todavia, apesar dos grandes avanços alcançados na terapêutica da doença psiquiátrica, pouco foi feito para mitigar o estigma que acompanha o doente mental, fato esse que retarda, quando não impede, a busca por ajuda especializada. Consequentemente, dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram o aumento vertiginoso do número de casos psiquiátricos, indicando que os agravos mentais serão, em breve, o principal motivo de incapacidade no mundo. Sendo assim, um número cada vez maior de indivíduos deixará de trabalhar e estudar em decorrência de alguma doença mental, o que acarretará em um ônus social sem precedentes. Para piorar a situação, o descrédito social que assombra o doente mental, principalmente no Brasil, é responsável por efeitos nefastos na vida dessas pessoas. De acordo com informações publicadas pelo Portal do Psicólogo, o diagnóstico de doença mental é cercado por um véu de vergonha, medo e preconceito, motivo pelo qual dificilmente se fala a respeito do assunto. Por conseguinte, o temor de carregar consigo essa nódoa desencoraja os pacientes afetados a falarem sobre seus sentimentos e dores, o que pode conduzí-los à uma piora significativa do quadro clínico. Como resultado, cresce exponencialmente o número de casos de suicídio, sendo que a esmagadora maioria das ocorrências está diretamente relacionada à preexistência de doença mental, segundo estatísticas da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Por detrás dessa realidade nefasta de discriminação e de mortes de pacientes psiquiátricos, encontra-se um inimigo mortal: o silêncio. A ausência crônica de diálogo e de esclarecimento acerca do assunto resultou, no Brasil, em um verdadeiro genocídio, amplamente retratado no livro ‘Holocausto Brasileiro’, escrito pela jornalista Daniela Arbex. Nessa obra, a escritora explicita ao público uma realidade cruel de descaso e omissão que resultou na morte de aproximadamente 60.000 pessoas, mostrando para a sociedade os danos irreparáveis do silêncio perante as doenças mentais no Brasil. Diante dos fatos, para evitar a ocorrência de novas tragédias humanas torna-se óbvia a necessidade de discussão do assunto. Para tanto, caberá ao Ministério da Saúde promover campanhas de esclarecimento e orientação sobre doenças mentais, tratamentos e prevenção para a população em geral. Profissionais da área da saúde devidamente capacitados deverão realizar palestras informativas abertas ao público, bem como distribuir material informativo nas unidades de saúde, escolas e terminais de transporte, colocando-se à disposição para acolher e esclarecer dúvidas sobre o tema.