Há no atual cenário social, brasileiro e mundial, uma dicotomia acerca da homossexualidade: sobre seus direitos, legalização matrimonial, relações familiares, dentre outros aspectos. Se por um lado se alega que tal prática - e aceitação - deixaria a estrutura da família - e por consequência da sobrevivência da espécie humana enfraquecida - abalada, desestruturada; por outro se é perceptível o abandono e rejeição aos homossexuais por parte dessa mesma estrutura dita a base da sociedade: a família. As palavras de Françoise Dolto, "a libido é para a sexualidade o que a fome é para a nutrição", vão de encontro à base do problema: o "alimento", que é o afeto, quando não dado de forma correta, deixa carências nutritivas na sexualidade. Assim, a sexualidade busca suprir na libido os afetos que lhe foram negados - a fome que não foi saciada. E quando, ainda assim, quem primariamente não supriu esses afetos - a família; ainda rejeita e repudia tais indivíduos como seus, em meio ao desamparo em que se encontram, recorrem àquilo que as palavras de Jacques Lacan refletem: "um suicida nunca quer se livrar de sua vida, mas sim de seu sofrimento" - o que eleva a taxa de suicídio nesse grupo a mais de 40 %. A solução não se encontra em confrontar dois grupos - os favoráveis e os desfavoráveis - a essa condição afetiva, mas sim com uma ação conjunta de Governo, escola e sociedade, para se colocar em pauta a condição psicoafetiva do ser, viabilizando uma melhor compreensão dessa realidade que mobiliza tantos estratos sociais. Em paralelo, a mídia divulgaria estudos, entrevistas e documentários fomentando que o acolhimento a essas pessoas propicia um melhor desenvolvimento psicológico.