Nos últimos anos, a questão da homossexualidade vem sendo debatido com bastante vigor ao redor do mundo, gerando discussões entre aqueles que acreditam na naturalidade da característica e aqueles que acreditam que é apenas um comportamento ruim, como se o indivíduo estivesse “corrompido” e está agindo de forma errada. Os argumentos de quem se posiciona contra a homossexualidade não é algo novo. Defender a “moral e os bons costumes” foi a principal motivação para governos repressores, como a Ditadura Militar no Brasil, para estabelecer a censura. Portanto, sera que hoje, na atual situação de plena liberdade individual, ainda é válido defender ideais que já foram defendidos por opressores? A resposta para tal pergunta com certeza é “não”. O grande problema da parcela da sociedade brasileira que ainda defende estes valores antiquados é que ela é resultado de um longo processo de “alienação” da população durante governos autoritários. Quem viveu durante o período da Ditadura Militar ou até mesmo no Estado Novo, quando filmes, músicas, propagandas e até mesmo os materiais escolares eram censurados, pode ter absorvido os valores que o Estado queria impô-lo e os passando para as próximas gerações, moldando uma cultura desacostumada com a liberdade e, consequentemente, preconceituosa com aquilo que lhe é “estranho”. Sendo assim, hoje, com o Brasil vivendo uma época já redemocratizada após os anos 80, homossexuais sentem maior liberdade em poder se expressarem sem medo de sofrer uma repressão por parte do Estado, o que é evidente em eventos públicos como a “Parada LGBT”. Porém, o problema ainda persiste na coerção social que os mesmos sofrem dentro de uma sociedade que ainda possui uma cultura homofóbica. A homossexualidade ainda não se tornou totalmente naturalizada socialmente, o que é exemplificado pelos meios de entretenimento, que ainda retratam majoritariamente casais heterossexuais e, quando retrata-se algum homossexual, ocorre de forma estereotipada. Depreende-se, portanto, que é necessária uma drástica mudança cultural no povo brasileiro. É necessária a criação de filmes, músicas e publicidades nos diversos meios de comunicação que demonstrem de forma naturalizada as diferentes formas de expressão de sexualidade. A Ancine (Agência Nacional de Cinema), por exemplo, deve investir em longas metragens que retratem temáticas sociais, como o homossexualismo no Brasil. Além disso, a Comissão Nacional da Verdade deve investigar a repressão da homossexualidade durante a ditadura e divulgar as pesquisas para público, a fim de gerar uma autorreflexão sobre os valores antiquados e desumanos que muitas pessoas ainda defendem.