No poema “O Bicho” de Manoel Bandeira observa-se uma verdadeira denúncia Social. Nele, o poeta descreve, ao final da década de 1940, as condições subumanas em que vivem os indivíduos marginalizados pela sociedade. Na hodiernidade, um exemplo fatídico dessa realidade são os trabalhadores brasileiros que vivem em condições análogas à escravidão no país. Mormente, é preciso salientar que essa relação de trabalho ilegal é intensificada com a pouca fiscalização governamental. Isso acontece porque, embora o atual quadro de direitos trabalhistas tenha sido ampliado, os patrões os negligenciam, já que não se sentem suficientemente monitorados pelo Estado. Com efeito, essa política de lucratividade, em que os detentores dos meios de produção possuem integralmente os lucros, sobrepõe-se a quaisquer condições mínimas trabalhistas. Uma prova desse baixo investimento em fiscalização é que, em 2017, apenas 30% dos investimentos públicos em fiscalização foram mantidos em relação a anos anteriores, segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos. Depreende-se, ainda, que os efeitos decorrentes dessa relação de ilegalidade relevam-se negativos tanto para o trabalhador quanto para a própria produção. Tal fato se dá porquanto os trabalhos exaustivos em troca, na maioria das vezes, de uma moradia indigna e de uma alimentação precária, diminuem a qualidade de vida dos indivíduos. Em função disso, há também uma redução nas atividades produtivas, uma vez que mitigar garantias trabalhistas para uma classe é sempre algo benéfico a curto prazo, mas, a longo prazo, a produtividade tende a cair. Esse é um pensamento dominante atual defendido, inclusive, pela Organização Internacional do Trabalho. Em suma, o problema da escravidão moderna no Brasil deve ser resolvido para que o país possa fugir das definições subumanas relatadas pelo poema “ O Bicho” de Manoel Bandeira. Logo, a heurística que otimizará esse quadro provém de alguns fatores governamentais. Assim, os governos estaduais devem arrecadar fundos mensalmente, junto ao Governo Federal, para subsidiar as fiscalizações de trabalho. Tudo isso com a intenção de aumentar a contribuição a esses órgãos de policiamento e tornar mais célere o processo, já que é mais fácil identificar o problema por regiões. Ademais, faz-se necessário um rigor maior na periodização de monitoramento, sendo fundamental a ida trimestral das equipes aos centros de produções. Com essas medidas, será possível atenuar esse quadro de ilegalidade no Brasil.