O documentário dinamarquês “O lado negro do chocolate” retrata a condição análoga à escravidão vivenciada por crianças da Costa do Marfim, dentro da produção de chocolate. Tal situação não difere do panorama brasileiro que, apesar de ter abolido a escravidão em 1888, ainda apresenta persistência do trabalho escravo moderno. Esse cenário é fruto da desigualdade social enraizada no Brasil e da falta de medidas governamentais. Em primeira análise, é evidente o déficit no grau de escolaridade da comunidade menos favorecida, o que reflete diretamente na oportunidade de emprego desses cidadãos. Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego do país em 2017 é de, aproximadamente 12%. Diante disso, a população mais carente é obrigada a trabalhar em adversas condições de trabalho para sustentar suas famílias, como a remuneração infausta e extremas jornadas de trabalho. Ademais, existe um forte descaso do governo diante das questões de coerção em situações nas quais existe analogia à escravidão. Exemplo disso é a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) promulgada em 2014, que previa severas punições aos donos de imóveis cujos trabalhadores sofressem abusos, por meio da expropriação e do cumprimento das penas previstas pelo código penal. Contudo, após quatro anos da promulgação, a lei ainda não está em vigor devido a forte resistência da bancada ruralista, a qual promove seus luvros em detrimento dos direitos humanos. Conclui-se, diante do exposto, que são necessárias não só medidas que acabem com a escravidão moderna, mas que também permitam o acesso ao mercado de trabalho da parcela mais prejudicada. Portanto, é premente que o Ministério do Trabalho, filiado ao Ministério da Educação, permita a inserção da comunidade carente à praça de emprego, através de cursos técnicos, os quais formem profissionais e que tenham, em sua grade curricular, uma matéria de direitos trabalhistas. Além disso, deve, o Poder Legislativo, criar leis específicas contra o abuso trabalhista, a fim de fazer com que o único lado negro do chocolate seja o cacau.