Com a implementação da Lei Áurea, homologada ao final do século XIX, a adoção e manutenção do trabalho escravo foi, finalmente submetida à punições sérias para os praticantes. Contudo, a existência de trabalho análogo ao escravo no Brasil é um retrocesso contemporâneo. Nesse contexto, deve-se analisar o modo de produção e os efeitos da escravidão na contemporaneidade. Em primeira análise, é válido salientar que a prática do escravagismo ainda existe, mas com outras perspectivas. Sobre isso, os trabalhadores ainda são submetidos à longas jornadas e condições precárias de trabalho, sendo forçosamente induzidos ao não abandono por dívidas ao empregador. Além disso, a nova portaria, aprovada pelo governo Temer, dificulta a caracterização do emprego do trabalho escravo – para que haja a denúncia – e negligencia a autorização do MT (Ministério do Trabalho) para a divulgação da Lista Suja (mecanismo de identificação de empresas escravocratas) para a sociedade. Outrossim, conforme Leonardo Sakamoto, as formas de escravidão operam às sombras, no Brasil. Isso porque, os empregadores omitem a circulação de informações entre o proletariado a fim de não induzi-los à reflexões e revoltas trabalhistas. Dessa forma, o escravagismo é estrategicamente mascarado pelos grandes empresários e torna-se gradualmente mais presente, por ser controlado e omisso à população. Torna-se evidente, portanto, que o escravismo precisa ser combatido no Brasil. Para isso, o Governo Federal, em parceria com o poder legislativo, deve flexibilizar os conceitos de trabalho análogo ao escravo, para que a fiscalização e o combate às formas de escravidão possam ser viabilizados. Ademais, o MPT (Ministério Público do Trabalho) deve realizar campanhas, através da divulgação em redes sociais, a fim de conscientizar os trabalhadores da existência e das consequências do trabalho escravo. Assim, os postulados da Lei Áurea serão, finalmente cumpridos e respeitados.