"Não serei o poeta de um mundo caduco", afirmou Drummond na sua obra "Sentimento do Mundo". Nesse sentido, fica evidente a insatisfação do autor diante da máquina de um mundo ensandecido e caduco, cujas engrenagens impõem-se de maneira dominante, autoritária e inexorável. Talvez, hoje, ele enaltecesse ainda mais a sua afirmação: a postura de alguns brasileiros acerca da escravidão contemporânea é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Por essa razão, faz-se necessário pautar as causas que colaboram para essa postura: a ausência de uma fiscalização eficiente e um governo inobservante ao Contrato Social. A priori, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, em "Modernidade Líquida", que as relações sociais estão gradativamente mais fragilizadas, havendo uma carência de empatia com o próximo. Esse conceito, portanto, pode ser visualizado na permanência da escravidão no Brasil, onde pessoas são obrigadas a se submeter ao trabalho compulsório por conta de dívidas advindas do regime colonato romano, que é praticado no país, em que senhores de terra oferecem terra, comidas e roupas, acarretando em dívidas para o trabalhador, tornando-o refém. Ademais, os Direitos Humanos são violados como consequência, posto que a escravidão por dívida é inconstitucional. À vista disso, de acordo com o site UOL, o investimento nas fiscalizações contra esse crime, no ano de 2017, foi de apenas R$ 310.000, 00, enquanto que, no ano de 2008, o investimento foi de R$ 7,83 milhões, essa queda dos valores causou um déficit nas fiscalizações e, consequentemente, tornando-as ineficientes para combater o trabalho escravo no Brasil. Sob essa perspectiva, o Contrato Social, estabelecido por Rousseau, disserta acerca da importância da atuação do Estado para garantir o bem-estar social. Todavia, as nefastas políticas públicas que visam coibir o trabalho escravo no Brasil, como a sua proibição explicitada no artigo 149 da Constituição Federal, fomentam a permanência desse impasse, visto que, nos últimos anos, pessoas foram resgatadas de situações semelhantes à escravidão, tanto que, segundo os dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), 2808 pessoas foram resgatadas apenas em 2008. Contudo, embora caótica, essa situação é mutável. Dessarte, a sociedade civil organizada deve exigir do Estado, por meio de protestos, a observância do Contrato Social, garantindo o bem-estar social. Diante disso, o Ministério da Fazenda deve elaborar um plano econômico capaz de dinamizar a economia e gerar mais recursos, mediante a ajuda de economistas, a fim de sanar o déficit das fiscalizações do trabalho escravo no Brasil, tornando-as eficientes para assegurar o cumprimento do artigo 149. Assim, a postura dos brasileiros se modificará, a escravidão contemporânea irá ser combatida, tornando o Brasil um país plácido e lúcido, do qual Drummond pudesse valorizar.