Após mais de um século da elaboração da Lei Áurea, que efetivou o fim da escravidão no Brasil, ainda existe uma cultura escravocrata intrínseca em nossa sociedade, fortalecida pela ambição exacerbada dos patrões que se aproveitam do desespero de um trabalhador que, por muitas vezes não conseguir uma melhor oportunidade de emprego, se sujeito a condições degradantes para sobreviver. No que se trata dos patrões, é possível fazer um paralelo entre o Brasil atual e o imperial, onde a economia cafeeira sustentava o país e os proprietários das lavouras repudiavam a abolição, pois a mão de obra escrava lhes proporcionava menos gastos e por conseguinte, mais lucro. Atualmente, também visando o lucro e aproveitando-se da frouxa fiscalização federal, que de acordo com dados do Inesc diminuiu de 189 operações em 2013 para apenas 49 em 2017, empresários também utilizam-se da escravidão como meio de produção. Do mesmo modo, as condições do trabalho escravo atual pouco se diferem do da época do Império. Se naquela época os escravos eram obrigados a trabalhar pois eram comprados por seu senhor para tal fim, nos dias atuais estes também são obrigados a aceitarem condições degradantes, como por exemplo mais de 12 horas de trabalho, porque, com o desemprego crescente, não conseguem melhor oportunidade e precisam sobrevivem, nem que seja trabalhando apenas por alimento ou por um salário extremamente indigno. Dessa forma, cabe ao Governo Federal, em conjunto com o Ministério Público, fiscalizar empresas e recolher aqueles trabalhadores que foram encontrados exercendo trabalho escravo ou análogo à escravidão, aplicando duras multas a essas instituições e utilizando o dinheiro adquirido para ajudar a restabelecer a dignidade dos resgatados. Tais medidas contribuem para que a escravidão, que teve seu suposto fim em 1888, seja realmente extinta de nossa sociedade.