Na saga de livros "Harry Potter", os seres mágicos denominados "elfos domésticos" vivem como escravos nas casas de bruxos, sendo submetidos ao trabalho compulsivo, castigos físicos e sem qualquer tipo de remuneração. A descrição dessas lamentáveis condições de trabalho também estão presentes nas vidas de milhares de brasileiros que ainda são reféns dessa prática que, apesar de pouco discutida, é um problema real que demanda atenção. Logo, percebe-se a necessidade de analisar as nuances que compõem esse mal, para que se possa combatê-lo de maneira efetiva. O sociólogo americano Kevin Bales diz que a disparidade econômica é a principal causa da escravidão nos dias atuais, já que existem pessoas tão pobres não têm outra opção senão a de aceitar qualquer oportunidade de emprego que lhes é ofertada. O desespero proveniente da desesperança, da fome e da miséria são fatores excruciantes que integram a realidade dos explorados que, na busca de uma vida melhor, são escravizados. Desse modo, é visível que a condição miserável em que se encontram grande quantidade das pessoas nos dias de hoje, somada com alto índice de desemprego, tem o poder de agravar e beneficiar o sistema de escravidão no Brasil. Entretanto, não se deve restringir as causas da existência do sistema escravocrata apenas a fatores sociais e econômicos. Da concentração de riqueza, decorre a imigração, na busca por melhores condições de vida. Nesse contexto, os que escravizam são amparados por políticas restritivas à imigração, o que favorece o tráfico de pessoas que acontece "debaixo dos panos". Portanto, é notável que a escravidão ainda persiste nos dias atuais, e é reforçada pela desigualdade social e econômica. Dessa forma, vê-se a necessidade de um esforço conjunto entre Estado e população. Propagandas na televisão e cartilhas que ajudem a identificar e denunciar atividades que se utilizem de trabalho escravo. Assim, se torna possível a fiscalização do Ministério do Trabalho nas áreas de maior número de denúncias.