Numa era de tantas conquistas dos direitos humanos, a escravidão no Brasil é uma realidade e não se trata apenas de trabalho com baixa remuneração, trata-se da exclusão dos direitos trabalhistas e descaso social com o individuo trabalhador. Entre os grupos aliciados ao trabalho escravo estão os emigrantes e imigrantes, os quais são submetidos às condições ilegais de trabalho, como horas trabalhando até a exaustão sob ameaça de punição, cerceamento físico ou moral, e ainda excluído o direito a férias, seguro-desemprego e décimo terceiro salário. Entre os principais postos de trabalho escravo estão a indústria têxtil, nos centros urbanos, e carvoarias em fazendas na área rural, geralmente abastadas da cidade e de difícil acesso. Como forma de combater esse quadro, as fiscalizações e inspeções de trabalho são ferramentas utilizadas, porém, segundo dados do ministério do trabalho, o investimento estatal nessa área caiu pela metade nos últimos três anos, o que dificulta a apreensão e penalização de empregadores, assim como a assistência financeira aos empregados libertados. Acrescentemos que ao nos perguntarmos “por que essas condições ainda se perpetuam no Brasil atual?”, podemos considerar uma possível cultura da escravização, como se quem emprega tivesse o pleno poder sobre a pessoa empregada, extinguindo-se alguns dos princípios que regem nossa sociedade: a cidadania- o pleno exercício dos nossos direitos- e os valores sociais do trabalho – a defesa dos meios lícitos do trabalho e do trabalhador como indivíduo. Nessa perspectiva atual, a necessidade de levar direitos básicos ao trabalhador e ideais de trabalho justo aos empregadores ainda existe, não podendo a sociedade admitir o descaso governamental com tal questão para que não ocorra um retrocesso nas condições de trabalho e de vida da sociedade como um todo.