No raciocínio sociológico, idealizado na célebre obra "O Capital", o pensador prussiano Karl Marx lança alerta, ao afirmar que é preciso modificar o mundo. Um olhar em direção à realidade confirma que viver em sociedade significa estabelecer propósitos que sejam coletivos, em outras palavras, não se pode ignorar o sucedido que milhares de trabalhadores enfrentam condições de trabalho análogas à escravidão no território brasileiro. Nessa lógica, cabe analisar as situações degradantes de trabalho dos empregados no Brasil junto às razões desses para esse enfrentamento diário, e verificar como essa realidade impacta no corpo social. É fato que essa ideia requer, à priori, um estudo acerca dos fatores motivacionais desse processo, bem como seus efeitos sociais. Nessa perspectiva, confirma-se a concepção de Marx, uma vez que há um detrimento do princípio da Isonomia, previsto na Constituição, no qual todos devem ser tratados igualmente, assegurando a preservação da saúde física e mental, e aperfeiçoamentos morais, intelectuais e espirituais. Entretanto, torna-se visível a situação vigente no cenário brasileiro, nota-se uma negligência, tanto governamental quanto social, a respeito da situação de trabalho de milhares de funcionários. Desse modo, compreende-se que as condições de serviço estão estigmatizadas em diversos ramos de trabalho no Brasil. Outro ponto indubitável para consolidação desse tipo de pensamento é o fato que, tomando como base as condições de trabalho dos escravos no Brasil Colônia, milhares de brasileiros se submetem a condições similares, visto aa jornadas de trabalho exaustivas, os trabalhos forçados e as condições estruturais degradantes. Nesse contexto, é possível refletir à luz do olhar aguçado do sociólogo Zygmunt Bauman. Conforme o cientista social, os atores sociais pós-modernidade são confrontados pela perda da sensibilidade, cujo efeito nefasto resulta na cegueira moral. Isso significa que, muitas vezes, as ações humanas têm caráter irracional, extraindo o trabalho dos indivíduos abusivamente, uma vez que esses necessitam do emprego para sua sobrevivência. O posicionamento assumido nessa discussão demanda, portanto, duas ações pontuais. A princípio, é necessário que o Governo Federal estabeleça como meta investir maciçamente em órgãos de fiscalização em áreas de ocorrência de trabalho escravo, desmascarando serviços em desencontro com a legislação do trabalho e os punindo efetivamente, a fim de diminuir os focos de trabalhos desumanos. Além disso, é imprescindível que o Ministério da Educação invista na disponibilidade de uma educação qualitativa nas áreas marginalizadas, instruindo e capacitando docentes com uma boa formação para repassar seu conhecimento aos alunos, com o propósito de que jovens estudantes apresentem um bom nível de escolaridade e não necessitem submeter-se a trabalhos análogos à de escravos. Com essas intervenções, será possível, como advoga Marx, reverter essa brutal realidade, a tornar-se mais humanizada.