Na metade do século XX, o psicólogo Frederic Skinner propôs que o comportamento do homem é a reverberação da influência que o meio exerce sobre ele. Sob tal ótica, percebe-se que o Brasil contemporâneo é reflexo das marcas deixadas pela colonização como a prática da escravidão, porém, agora, de maneira implícita. Dessa forma, surge a problemática da hodierna forma de privação da liberdade , seja por ausência do Estado, seja por um cultura de maus costumes. Em primeiro plano, a Constituição Federal de 1988- norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro- assegura o exercício dos direitos individuais e sociais como o bem estar social. No entanto, não há políticas públicas que contribuam, de fato, para a extinção efetiva das condições degradantes de trabalho, corroborando, assim, no ferimento à dignidade de muitos que sobrevivem nessa realidade.Prova disso se dá conforme levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos o qual mostrou que, nos últimos 5 anos, houve queda tanto nas operações de combate ao trabalho escravo- cerca de 75%- quanto no número de trabalhadores resgatados- de 2808 para 73. Então, faz-se necessária a presença do Estado para garantia legal da ordem e também a preservação da integridade dos mártires. De outra parte, a reprodução de antigos padrões sociais contribui para um cenário ainda mais desafiador. Tal fato é explicado pelo sociólogo Émile Durkheim ao afirmar que o fato social é a maneira coletiva de agir e pensar. Consoante isso, nota-se um país com alto déficit de emprego e baixa qualidade de vida, fazendo com que muitas pessoas normalizem certas situações de trabalho- por necessidade- quando, na verdade, há a exploração dessas. Também, muitos casos não são denunciados ,exatamente, por essa cultura da banalidade que prejudica ainda mais para extinção dessas atrocidades. Logo, é imperioso que o cidadão tenha noção da obrigação moral, no tocante ao tema, a fim de mitigar atitudes arcaicas e maléficas que prejudicam o desenvolvimento da nação. Infere-se, portanto, que o debate acerca das consequências da escravidão moderna é de extrema importância. Sendo assim, cabe ao Poder Executivo- por meio do Ministério do Trabalho- criar um plano nacional de combate à escravidão que busque resgatar e amparar aqueles que sofram desse mal, bem como punir os algozes que insistam com tais práticas. Outrossim, a sociedade deve elaborar- via redes sociais- fóruns de discussões que promovam medidas eficazes contra a privação de liberdade e textos informativos que mostrem tópicos de identificação da escravidão. Dessa maneira, o bem coletivo não será uma mera utopia no país.