O problema endêmico da proliferação de mosquitos transmissores da dengue teve grande destaque após a atual epidemia do vírus “zika”, mais perigoso e desconhecido. Porém, as raízes dessa questão de saúde pública encontram-se diluídas em toda a sociedade brasileira. Primeiramente, o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos governos durante a história do Brasil, desde a Primeira República, teve como consequência de seus planos expansionistas de capital o crescimento urbano exagerado: a macrocefalia urbana. Tal fenômeno provocado contribuiu para o surgimento de espaços desestruturados nas cidades, ocasionando, desta forma, um acúmulo de resíduos sólidos por falta de serviços públicos básicos, os quais se transformaram em potenciais criadouros do mosquito transmissor. De outro lado, é notável que, apesar das campanhas governamentais de conscientização, a população, em sua maioria, não protagoniza a luta contra o inseto por razões individualistas. Pois, ao negarem a entrada de agentes de saúde nas residências particulares, como geralmente acontece, os cidadãos estariam regredindo no combate ao mosquito. Não à toa, pesquisas demonstram que grande parte dos criadouros estão localizados dentro de imóveis e propriedades particulares. Portanto, para intensificar o combate, é de suma importância que, progressivamente, os espaços urbanos devem ser organizados de forma a evitar o acúmulo de resíduos sólidos por meio da coleta de lixo regular e mutirões para retiradas de entulho nas cidades. Por último, o estabelecimento de multas para aqueles que manterem criadouros do inseto dentro das residências particulares, aliado a campanhas de saúde com agentes públicos, seria essencial no controle da epidemia mais problemática do país.