Tema de redação: A eficácia das ações de combate ao mosquito Aedes aegypti
Redação enviada em 09/03/2016
O escritor Laurentino Gomes definiu a construção do Brasil como a de um país que tinha tudo para dar errado. Afinal, a história brasileira demonstra que os problemas atuais da nação são decorrentes da nossa formação cultural. Macunaíma –anti-herói consagrado do romance de Mário de Andrade-, por exemplo, personifica a preguiça e a comodidade que se encontram enraizadas na cultura nacional. Logo, não é por menos que o mosquito Aedes Aegypti continua alastrando doenças e iniciando epidemias no Brasil desde o século XX. Por sua vez - no século passado- o grande médico Oswaldo Cruz, para erradicar o Aedes Aegypti, abusou de inseticidas químicos, provocando um fenômeno biológico conhecido como seleção natural. Esse fenômeno permitiu uma melhor resistência do mosquito aos venenos. Contudo, a maior parcela da culpa recai sobre a população: por falta de prevenção e interesse, o povo brasileiro permitiu novamente a proliferação do inseto que, agora mais resistente, virou um grave problema de saúde pública. Evidentemente, a comodidade e a irresponsabilidade da própria população tornaram mais difíceis ações eficazes contra o mosquito e contra as doenças por ele transmitidas. Ademais, a ineficiência das políticas governamentais que visam a coleta seletiva, a conscientização, o saneamento básico e o abastecimento de água atrapalham o extermínio do Aedes Aegypti. Não obstante, conforme afirmou o filósofo francês Joseph-Marie Maistre: “ cada povo tem o governo que merece”. Portanto, o problema não está no transmissor da doença, o verdadeiro porquê do Brasil não conseguir elaborar com eficácia ações de combate ao mosquito é a nossa cultura imediatista, relaxada e negligente. O Brasil não é reflexo de Macunaíma, Macunaíma é o fruto do reflexo do Brasil. Sendo assim, campanhas publicitárias aliadas a mutirões de combate precisariam ser usadas para conscientizar a população. Além disso, novos concursos e melhores salários para os agentes de saúde faz-se necessário. Como também, penas mais duras para quem manter em suas propriedades possíveis focos do mosquito. A longo prazo, uma educação básica de qualidade com uma grade maior de ciências humanas e atividades de cidadania, contando também com incentivos às atividades culturais, como teatro e museus, permitiriam uma geração mais desenvolta, dinâmica e producente. Dessa forma, acabaríamos com o Aedes Aegypti e não terminaríamos reconhecendo que somos incapazes, como reconheceu Macunaíma no final do romance.