Diferentemente de países do Oriente Médio que vivem realidades de guerras políticas, o Brasil se encontra em um combate biológico - não menos importante do que aqueles. Desde 1980 o mosquito Aedes Aegypti vem causando epidemias de dengue no Brasil e, recentemente, também transmitindo o vírus que provoca a Chikungunya e o Zika Vírus. Em virtude disso, a nova "ditadura" do inseto, que indiscutivelmente vem alterando o comportamento dos brasileiros, exige medidas eficazes e urgentes para combatê-la, com o engajamento da educação, do cidadão, do governo e da mídia, num processo contínuo de precaução e luta contra as doenças, bem como de consolidação da cidadania. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 1,4 milhões de casos prováveis de dengue ocorreram em 2015. Assim como ela, a Chikungunya e o Zika Vírus causam desconforto e esta é ainda responsável pelo desenvolvimento da microcefalia (deficiência que reduz o tamanho do cérebro) em bebês, comprometendo o futuro de inúmeras crianças. Além disso, outro problema surge devido à saúde pública não ter condições de acarretar com números tão elevados de pacientes que, consequentemente, ficarão sem assistência médica. Portanto, combater o mosquito vetor dessas doenças, sem deixar água parada, se torna, além de um problema na saúde, também uma questão de cidadania e que deve ser tratada tanto pela sociedade quanto pelo indivíduo em particular. Nesse sentido, o alemão Max Weber afirma que a ação do indivíduo depende da cultura e da sociedade na qual ele está inserido, demonstrando que o uso de projetos sociais e campanhas na mídia, assim como na educação, são ótimos auxiliares para influenciar as atitudes individuais nessa "guerra" biológica. Outrossim, recentemente foi descoberto pela Universidade Estadual da Paraíba que o mosquito também deposita o ovo em água poluída, diferente do que se pensava antes. Por isso, locais com falta de saneamento básico, moradias precárias, coleta de lixo ineficiente, assim como esgotos a céu aberto, entre outros, se tornam ambientes propícios para a propagação das doenças anteriormente mencionadas. Ademais, o descaso de boa parte da população em deixar água parada acentua o problema, tornando mais difícil sua solução. Paulo Freire, importante educador brasileiro, afirma que a educação sozinha não muda a sociedade; sem ela tampouco a sociedade muda. Por conseguinte, campanhas em escolas e na mídia, visando uma reeducação da população tendo em vista uma mudança de comportamento do indivíduo frente à questão da água parada, vai ao encontro da afirmação feita por Max Weber, entretanto ainda não resolve tudo. É preciso também que o governo busque melhorar a infraestrutura das zonas urbana e rural, garantindo, pelo menos, o saneamento básico à população. Além disso, fiscalizar tanto locais públicos quanto privados e puni-los quando houver descaso também é uma ação fundamental que o Governo por efetuar. Dessa forma, a "ditadura" do Aedes Aegypti poderá deixar de fazer parte da realidade brasileira, o que é, em suma, urgente.