Título da redação:

Pedalada da vida

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 20/08/2017

No início de 2017 o americano Bill Conner percorreu mais de quatro mil quilômetros de bicicleta, levando uma mensagem de incentivo à doação de órgãos, uma vez que órgãos de sua filha, após seu óbito, foram responsáveis por salvarem outras quatro vidas. Contudo, o processo de doação de órgãos no Brasil enfrenta diversos problemas, tais como o fato de só poder ser realizado em casos de morte encefálica, nos quais há a perda definitiva e irreversível das funções cerebrais, juntamente com dificuldades em relação a questões familiares, que contribuem para um dos maiores desafios a serem superados: o aumento do tempo de espera por transplantes, que muitas vezes chega a durar anos. Para que seja realizada uma cirurgia envolvendo o transplante de órgãos, são necessárias várias etapas de preparação, que incluem desde a busca por um potencial doador até a análise do histórico clínico e possíveis doenças do paciente, a fim de se encontrar um receptor compatível. Porém, embora o Brasil tenha registrado em 2016 o maior número de doadores efetivos da história, por volta de três mil, segundo dados divulgados pela Força Aérea Brasileira, o número de pessoas ao aguardo de doação chega a quarenta mil, indicando urgência em se ampliar o espaço de discussão acerca desse assunto. Até 1997 vigorava uma lei na qual todos os brasileiros eram qualificados como doadores, todavia em 2001 houve uma reformulação na qual transferiu para os familiares do enfermo a responsabilidade sobre seus órgãos. Desde então, um dos maiores obstáculos no processo de doação consiste na autorização familiar para a colheita de órgãos, haja vista que muitos alegam nunca terem tido esse tipo de diálogo com o ente. Entretanto, em países modelos na doação e transplante de órgãos, como os Estados Unidos e a Espanha, a temática é amplamente discutida na sociedade, sendo apresentada inicialmente ao indivíduo nos seus primeiros anos de escola, cabendo ao mesmo a escolha de doar seus órgãos, caso seja possível. Portanto, com o intuito de tornar mais ágil a busca por transplantes, através do aumento da disponibilidade de órgãos, é necessário transformar esse tópico em um debate mais recorrente à sociedade brasileira. Dessa forma, cabe às escolas, juntamente com as famílias, abordarem o assunto com as crianças desde o início da vida, a fim de que possam formar uma opinião concreta sobre o tema. Ademais, cabe ao governo proporcionar mecanismos para que o indivíduo possa realizar essa escolha, caso se sinta apto para tal. Por fim, é passível à mídia a divulgação de mais informações a respeito do procedimento, para que assim, casos como o de Bill e seu filha sejam exemplos frequentemente observados na sociedade.