É cada vez maior o número de pessoas que esperam longas filas por doações de órgãos, no último ano, o Brasil ultrapassou a marca dos quarenta mil a espera. São diversos os desafios para que a doação dos órgãos ocorra, entretanto, a principal delas é a recusa dos familiares do possível doador. Dentre os seis passos ditos necessários para que ocorra a doação de órgãos, dois deles envolvem a família do possível doador. Estas etapas são, infelizmente, as que mais bloqueiam o processo de doação de órgãos no país. Logo após o diagnóstico da morte do possível doador é necessário o aviso da família. Um momento muito conturbado, cheio de emoções que impede que a maior parte dos familiares pensem racionalmente. Como se isso não fosse o bastante, é necessário que a família passe por uma entrevista investigativa sobre o histórico clinico do seu ente querido para que assim possa-se dar continuidade ao processo de doação. É entendível, portanto, a razão pela qual muitas famílias se negam a continuar esse procedimento. Somado a isso, existe o fato de que não faz parte da cultura ocidental falar sobre a morte. Sendo assim, a principal justificativa de muitas famílias para não doar é o fato de simplesmente nunca terem conversado com a pessoa sobre o seu desejo de doar. Este é um problema seríssimo visto que a cada ano mais famílias se negam a doar os órgãos. Por exemplo, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos no ano de 2006 cerca de mil e quinhentas famílias se recusaram, enquanto que em 2013 esse número quase dobrou. É perceptível, portanto, que mudanças devem ser feitas para mudar esse cenário e salvar o maior número possível de vidas. É preciso que os trabalhadores da saúde sejam treinados para que possam conversar com as famílias dos possíveis doadores, entendendo o sofrimento pelo qual eles passam, mas explicando a necessidade da ajuda dos mesmos. Além disso é importante que propagandas sejam feitas conscientizando a população sobre a importância da doação de órgãos estimulando assim que as pessoas conversem entre si sobre esse tema e orientando seus entes queridos sobre suas vontades.