A morte encefálica é a parada irreversível do cérebro e do tronco cerebral. Quando ela ocorre, entretanto, outros órgãos do falecido podem ser transferidos para pacientes que correm risco de óbito. Todavia, a doação enfrenta muitos obstáculos no Brasil, como a resistência da família e a falta de estrutura adequada, que precisam ser superados. A principal barreira é a negativa familiar: 47% se opõe à doação de órgão de parente. Segundo o nefrologista José Medina Pestana, a justificativa mais comum é que o desejo de ser doador nunca havia sido comunicado. Além disso, o pedido do hospital pela doação muitas vezes não tem retorno positivo devido à fragilidade emocional e falta de informação dos consultados. Ademais, outro empecilho é a falta de estrutura. Os hospitais capacitados concentram-se nas regiões mais desenvolvidas do país. Enquanto isso, em muitos lugares não há a infraestrutura necessária para o transporte do órgão e a realização do transplante, limitando o salvamento de vidas. Conhecendo essas barreiras, fica evidente que elas precisam ser superadas. Para isso, o Poder Legislativo deve aprovar e o Executivo, sancionar, uma nova lei de transplantes de órgãos, como feito na Argentina recentemente, que considere toda a população maior de idade doadora, exceto quando o cidadão expressar desejo contrário. É necessário, ainda, que o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, invista na melhoria da infraestrutura de hospitais por todo o país, a fim de que mais locais sejam capazes de realizar o procedimento. Desse modo, os principais obstáculos para a doação de órgãos no Brasil serão superados e mais vidas serão salvas.