Título da redação:

Doe vida

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 17/10/2017

Em 1990, o cirurgião estadunidense, Joseph Edward Murray, foi agraciado pelo prêmio Nobel de Fisiologia graças ao seu estudo sobre o desenvolvimento de técnicas de transplante de órgãos. Entretanto, o baixo incentivo à cultura desse processo impossibilita aos brasileiros de usufruírem a conquista do médico. É paradoxal, portanto que, mesmo diante da ampla necessidade da prática, o Estado e a sociedade civil não se mobilizam para dar êxito ao projeto. Em primeiro plano, a ineficácia do sistema se deve a resistência de uma sociedade individualista. A esse respeito, o filósofo Adam Smith afirmava que as ambições individuais levam a sociedade ao progresso e orientava que o individuo abrisse mão da benevolência a fim de que se conquistasse a evolução nacional. No entanto, a ideologia liberalista não deve ser aplicada nesse caso, pois o altruísmo é essencial para o funcionamento do projeto, sob pena de insuficiência de órgãos para adoção. Além disso, a concentração das unidades de doação prejudica o crescimento das doações. Segundo o Ministério da Saúde, há diversas unidades atuantes na área Sul e Sudeste do país e quase nenhuma nas demais. Porém, tal medida não gerou os efeitos esperados e resultou na ineficácia da distribuição dos alotransplantes, de modo que, enquanto a ineficácia do Estado persistir, o brasileiro será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas do Sistema Único de Saúde: a fila de espera. É evidente, portanto que, a conquista de Murray só será eficiente se os cidadãos juntamente com o vigente Estado Democrático se sensibilizarem ao projeto. Nesse sentido, o Conselho Federal de Medicina deve emitir uma portaria, determinando que os médicos informem aos pacientes a possibilidade de serem possíveis doadores. Ademais, cabe o Ministério da Saúde deslocar as equipes de transplantes para outras áreas necessitadas do Brasil. Essas iniciativas seriam primordiais para a redução da fila de espera e só assim, o feito do ganhador do Nobel teria maior impacto na sociedade.