Título da redação:

Doação de órgãos, uma questão mal resolvida.

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 30/06/2018

De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), um em cada oito potenciais doadores é notificado. Enquanto que na Espanha – referência mundial quando o assunto é transplante, são registrados 40 por milhão, no Brasil essa taxa chega perto de 15. Dentre os principais fatores que contribuem para essa realidade, destacam-se, a negação e recusa familiar em autorizar a doação, seja por desinformação ou por mito, bem como, a insuficiência de infraestruturas especializadas e a falta de profissionais qualificados na área. É inegável o fato de que a falta de uma política informativa sobre o que vem a ser a morte cerebral, tem prejudicado em muito as questões do consentimento familiar na hora de permitir que os órgãos de seus falecidos sejam transplantados. Senão, beiram aos 47% a taxa de não aceitação em todo país. É importante ressaltar para a sociedade, que não existe um mercado negro de venda de órgãos e que todas as religiões enxergam o ato de doar como um gesto de solidariedade e amor ao próximo. Além disso, a família só é notificada depois de ser constatada a interrupção irreversível das funções cerebrais do paciente, através de uma junta médica especializada. Se houver concordância, o doador passa pelos tramites legais da retirada e é devolvido aos parentes, podendo ser velado normalmente. Este fato pode ser comprovado na série Greys Anatomy quando a protagonista Meredith diz “Que não é uma corrida. Não há vencedores ou perdedores. A vitória é contada pelo número de vidas salvas. ” Outrossim, vale lembrar que o Brasil não está preparado para um crescente aumento nas doações de órgãos. Segundo Leonardo Borges, coordenador médico do Spot-HC “Não adianta querer transformar o povo em uma população doadora se não existe uma estrutura hospitalar para acompanhar a oferta de órgãos. Se as pessoas doarem mais e não tivermos a organização necessária para aproveitar essa oferta, haverá um descrédito enorme das instituições médicas responsáveis”. Para ele, existe uma escassez de profissionais nas UTIs: faltam enfermeiros de terapia intensiva, fisioterapeutas, psicólogos para dar apoio às famílias, entre outras funções. Destarte, se faz necessário, a exemplo dos países de referência no assunto, a inserção de temáticas, estudos e discussões acerca dos transplantes de órgãos na grade curricular das escolas, esclarecendo assim, crianças, jovens e responsáveis, no sentido de garantir que as doações ganhem força e sejam aceitas com menos suspeitas, principalmente nas regiões de baixa captação. Enfim, cabe ao Governo Federal, um maior investimento na área da saúde e de sua máquina administrativa e ao Ministério da Saúde, a responsabilidade de capacitar mais profissionais, para que estejam aptos a lidar com as questões supracitadas, evitando assim, maiores constrangimentos e sofrimentos aos familiares.