O filme “A ilha”, onde clones de pessoas são usados para extração de órgãos, evidenciam os problemas da doação de órgãos e seus efeitos inescrupulosos. Fora da ficção não é diferente, o Brasil entra na lista dos países que enfrentam o obstáculo do tráfico de órgãos, deixando claro que ainda temos muitos desafios no que tange a doação dessas unidades devido tanto a alta demanda quanto a negativa familiar. Infelizmente, o brasileiro tem o costume de procurar auxílio médico para tratamento em detrimento da prevenção. O reflexo dessa postura é uma liderança de doenças cardiovasculares e cerebrais no ranking de mortes anuais em nosso país. A fila de espera por órgãos é enorme e totalmente desproporcional ao número de doadores. Com isso temos o óbito de inúmeros indivíduos por aguardar anos o recebimento de um órgão. Além disso, cabe citar que a lei 9434/97, que trata da regulamentação da doação das partes em questão no Brasil, prevê que esse ato só pode ocorrer mediante autorização dos parentes ou cônjuge do indivíduo acometido por morte encefálica. O problema é que 47% dos transplantes não são autorizados pelos responsáveis devido à fragilidade emocional pela qual estão submetidos. O fato desse ter sido um assunto nunca debatido com seu ente querido e ainda a dificuldade de aceitar que este tenha o corpo aberto e os órgãos retirados depois de todo o transtorno que lhe ocasionou a morte corroboram para a recusa familiar. Portanto, constata-se que a doação de órgãos no Brasil apresenta inúmeros desafios e que, a fim de amenizar o problema, torna-se imperativo que o Poder Legislativo e Executivo elaborem e executem, respectivamente, políticas públicas que visem promover maior discussão do assunto dentro de escolas, faculdades e estimulem essa discussão dentro das famílias também, a fim de que o assunto deixe de ser um tabu, somente assim, estaremos iluminados pela moral kantiniana, aja tal qual sua ação possa servir para todos e, assim, superaremos este desafio.