Título da redação:

Doação de órgãos: um problema de todos

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 20/08/2017

A doação de órgãos é um ato nobre de solidariedade. Infelizmente, ainda hoje menos da metade dos casos com morte cerebral constatada resultam em doação de órgãos. Essa incipiente adesão está atrelada a diversos fatores, que abrangem questões morais, religiosas e burocráticas. As pesquisas mostram que apenas 47% das pessoas com morte cerebral em 2013 tiveram seus órgãos saudáveis retirados para transplante. O principal motivo para essa baixa adesão é a falta de registro formal do doador e o diálogo com a família. Após constatada a morte cerebral, se o paciente não tiver deixado registrado seu desejo de ter seus órgãos doados, somente os familiares podem autorizar a retirada. Outros fatores para esse baixo índice estão associados muitas vezes a questões de fé. Alguns adeptos de filosofias religiosas não compreendem ou não aceitam a morte cerebral como uma morte definitiva. Essas pessoas impõe resistência ao desligamento dos aparelhos que mantém os pacientes vivos e consequentemente impedem a retirada dos órgãos. Além disso, existem minorias religiosas que ensinam aos seus seguidores a ideia de integridade do corpo e a exclusividade do uso de seus constituintes, mesmo no pós morte. Essas crenças criam grandes barreiras ideológicas para a doação, ao levar a crer que é ofensa ao seu credo qualquer tipo de doação. É fato que há pessoas aguardando em filas de transplantes, não raro, há anos. Por isso, existe a urgência e a essencialidade de se promover campanhas publicitárias conscientizando a população. Uma pessoa pode e deve deixar registrado ainda em vida que é um doador. Esse indivíduo passará a portar uma carteirinha que o identifica como doador, o que suplanta a necessidade de autorização familiar para a retirada dos órgãos. Além disso, é necessário esclarecer para a população sobre a irreversibilidade da morte cerebral. A televisão, a internet e outros meios de comunicação de massa, ao mostrar figuras de renome da medicina nacional, são capazes de fazer esse esclarecimento de forma sólida e respeitável. Já as questões religiosas passam por um crivo cultural, cujo agente de mudança deve ser as lideranças religiosas a que essas comunidades estão submetidas. Apesar de levarem mais tempo e serem mais trabalhosas, essas mudanças de comportamento cultural são possíveis por meio da ajuda das figuras centrais dessas ideologias. Portanto, o registro de doador, o diálogo com a família e com a comunidade em geral são de suma importância para que se melhore essa estatística, corroborando, em última análise, para o fomento a essa corrente solidária e ao renascimento de milhares de pessoas necessitadas.