Com o advento da Revolução Industrial, a Medicina incorporou novas tecnologias em sua atuação, fazendo com que técnicas jamais imaginadas por Hipócrates fossem incorporadas na realidade humana. Exemplificando tamanha evolução científica podemos citar a doação de órgãos e tecidos, na qual um paciente vítima de morte encefálica pode fazer a doação de córneas, fígado, pulmões, pele e coração para outro que esteja com tais estruturas deficientes. Todavia, este processo ainda é visto como tabu pela sociedade, e em muitos casos, negado pela família devido à falta de conhecimento acerca do assunto. Após a morte cerebral ser constatada pela equipe médica, o passo seguinte é o diálogo com a família do paciente, que por sua vez é detentora da escolha na chamada doação consentida. É extremamente necessário profissionalizar a postura do profissional diante da família, explicando o que será doado, sanando todas as possíveis dúvidas, e acima de tudo, respeitando a dor e a decisão dos familiares envolvidos. Neste cenário, apesar de inúmeras campanhas de incentivo, 47% das famílias brasileiras se recusa a efetivar a doação, esta negação se dá devido a diversos fatores, dentre eles a cultura, ideologia, religião e falta de informação. Ademais, o tratamento que paciente e família receberam durante a internação também refletem diretamente nesta decisão. É inegável que a doação de órgãos deve deixar de ser um tabu e passe a ser vista como um complemento ao transplante. Uma maior divulgação sobre o assunto deve ser promovida pelo Ministério Público juntamente com a mídia, abordando esta temática em documentários e novelas, outrossim, Universidades devem desenvolver em seus alunos um maior senso de empatia para situações deste tipo. Por fim, faz-se necessário que membros da família conversem abertamente sobre a questão da doação de órgãos, explicitando e avisando previamente sua vontade.