A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios são uma temática muito discutida entre os especialistas. Isso deve ser defendido, justificado e ampliado, uma vez que transforma a vida de milhares de pessoas que necessitam de órgãos saudáveis para sobreviver. Nesse sentido, dois aspectos se fazem relevantes: a insuficiente discussão acerca do tema na esfera familiar e o desafio de implantar uma mentalidade menos materialista na sociedade. Em um primeiro viés,cabe ressaltar que, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2013, 47% das famílias que possuíam pacientes com morte cerebral não permitiram a doação de órgãos dos seus parentes. Essa realidade demonstra o quanto o assunto da doação de órgãos ainda é insuficientemente discutido, na medida em que as famílias se sentem inseguras na hora de decidir qual a melhor atitude a ser tomada. Por isso, hoje em dia, que há maior espaço para o diálogo nas famílias brasileiras, é imprescindível que essa temática seja exposta e discutida pelos membros da família, para que, dessa forma, ocorra maior aceitação e reconhecimento dos benefícios da doação de órgãos na sociedade. Esse cenário corrobora a importância em defender e justificar a prática da doação para que a comunidade,como um todo, exerça sua solidariedade. Em uma outra perspectiva, é valido salientar que, de acordo com dados publicados pelo site do G1 (www.g1.globo.com), os jovens correspondem a menor taxa quando se trata da doação de órgãos. Isso pode ser relacionado, de fato, com o sofrimento e o maior impacto na família pela perda de um ente mais jovem, e ,assim, essas famílias acabam se negando a optar pela doação. Porém, é justamente nessa faixa etária, a dos jovens, que o debate deve estar concentrado, uma vez que no momento que estes jovens forem bem instruídos acerca do assunto, estes poderão escolher se serão futuros doadores e deixar clara sua decisão para a família.Nesse sentido, o desfio de implantar uma nova mentalidade na sociedade brasileira, menos materialista e mais preocupada com o próximo, deve contar com a participação dos jovens. Entretanto, medidas se fazem necessárias. Diante do que foi argumentado, infere-se, portanto, que nem o indivíduo, nem o Estado, isoladamente, solucionarão a problemática. Assim, os esforços devem ser conjuntos. O Poder Público deve promover, com o auxílio da mídia, campanhas publicitárias que exponham os dados do problema, por intermédio de profissionais qualificados e com o objetivo de despertar, tanto no indivíduo quanto na sociedade, a responsabilidade de ser solidário. Some-se a isso, investimentos em educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar indivíduos mais comprometidos com a humanidade.