A doação de tecidos e órgãos no Brasil ainda é um processo negligenciado que possui desafios para a sua promoção. O transplante é a transferência desses em funcionamento de um doador para um receptor, reestabelecendo o funcionamento corporal do indivíduo recebedor. Apesar do aumento no índice de doadores no Brasil, sendo 7.898 órgãos doados em 2014 segundo a Associação Brasileira de Transplantes (ABTO), existem dificuldades inerentes a seu processo, como a rejeição das famílias e o ineficaz sistema de saúde brasileira. Primeiramente, a não aceitação das famílias em doar os órgãos de um ente falecido, complica o crescimento dos procedimentos. Além de ser um momento impactante e lastimoso devido à perda de alguém, a ausência de conhecimento sobre a doação de órgãos faz com que muitos não permitam a transferência. Ademais, a falta de confiança no serviço de saúde, bem como recuo por haver casos de tráfico de órgãos, resulta em baixos índices de consentimento para a cirurgia, como mostra dado da ABTO em 2014 no qual 46% das famílias de falecidos por morte cerebral rejeitaram a operação. Assim, o medo e a apreensão impedem o aumento da doação de órgãos e tecidos no Brasil. Outrossim, a precariedade do sistema brasileiro de saúde e outro agravante. Por ser uma cirurgia muito onerosa, muitas pessoas procuram o Sistema Único de Saúde (SUS) pra realizarem transplantes, enfrentando grandes filas de espera para a recepção do órgão requerido. Também, a sua debilidade resulta na má distribuição de equipes profissionais nesta área, possuindo maior concentração na região Sul e Sudeste, segundo opresidente da ABTO. Ainda mais, a falta de divulgação e esclarecimento sobre a doação de tecidos e órgãos e seu procedimento, pelos hospitais e médicos, ocasiona no descaso acerca do assunto e sucessivamente a falta de incentivo e diminuição de doações. Portanto, são imprescindíveis ações para combater o problema, sobretudo, cabe aos profissionais de saúde em hospitais dar informações e explicações sobre transplantes de tecidos e órgãos para as famílias de falecidos com morte cerebral, esclarecendo dúvidas a respeito do procedimento e da importância da doação para aqueles que carecem. Além disso, o cuidado e relevância em relação ao processo requer um melhor preparo de especialistas, mas também melhor distribuição de equipes preparadas e estruturadas pelo país, através do SUS por meio do Ministério da Saúde e Governo Federal. Dessa maneira, a doação de órgãos do Brasil seria promovida, salvando vidas com um ato tão humanitário e preciso.