Morte encefálica. Órgãos saudáveis. Lixo. O adjetivo lixo parece não se enquadrar nos outros dois anteriores, mas é justamente o que acontece com quase metade dos órgãos viáveis à doação no Brasil, vão para o lixo, segundo dados da ABTO. Por uma questão cultural, não é do feitio do brasileiro conversar sobre, seja por receio de falar da morte, inevitável, ou por achar a discussão irrelevante. Você se lembra da última vez que conversou com seus familiares sobre doação de órgãos? Se não, talvez seja porque o assunto nunca tenha entrado em pauta. Diariamente, centenas de pessoas morrem nas longas filas de espera, aguardando por um órgão que poderia lhe garantir décadas de vida saudável. Essa triste situação se deve unicamente à decisão dos familiares, que muitas das vezes, por falta de informação e diálogo, impede a doação e contribui para a defasagem do sistema. Como evidenciado, tal discussão está longe de integrar um debate nas rodas de conversas das famílias, sendo que o ato de doar deve fazer parte das decisões do indivíduo e precisa ser discutido com seus entes. Além da limitação por parte do brasileiro, percebe-se outro fator relevante. Os esforços do poder público acerca do tema não têm se mostrado eficazes para a mitigação do problema, sendo esse um agente essencial para a conscientização do cidadão. Logo, para que tal situação seja revertida, faz-se necessário a participação ativa do Governo do Estado nas demandas da população. Esse, responsável por prover meios e recursos que conscientizem a população da importância da doação, tais como campanhas efetivas nas unidades básicas de saúde e escolas, com profissionais capacidades para a correta orientação dos cidadãos. E, também, a veiculação de anúncios televisivos e mídias sociais, já que essas são um dos principais meios de comunicação, tornando, assim, o assunto relevante na mesa do brasileiro.