Doação de órgãos. Longas filas de espera. Falta de conhecimento. Mortes. Essa sequência faz parte do cotidiano dos brasileiros e das capas de jornais do país. Desse modo, é possível perceber que, devido às questões sociais e socioeconômicas, a doação de órgãos apresenta desafios que necessitam de intervenções urgentes. A princípio, é necessário considerar que o tabu social acerca desse tema é um dos responsáveis pelo problema. Prova disso é a recusa da família em autorizar a doação, alegando não saber sobre a possível vontade do doador, além de demonstrar o receio sobre a segurança no procedimento como a antecipação da morte, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Transplante. Dessa forma, o desconhecimento acerca dos benefícios da doação de órgãos permeia a sociedade como um todo, o que dificulta e compromete a vida de muitas pessoas, que vão a óbito nas longas filas de espera por um transplante. Outrossim, é pertinente frisar que a corrupção agrava esse impasse. No livro “ Tráfico de órgãos no Brasil – o que a máfia não quer que você saiba”, o autor Paulo Pavessi relata o drama vivido por ele, em 2000, após autorizar a doação dos órgãos do filho dele, que teve o tratamento negligenciado e os órgãos retirados e vendidos por médicos que atuavam em uma central de transplantes clandestina. Além disso, os órgãos foram extraídos com a criança viva, já que segundo o pai, nenhum exame foi feito para constatar a morte do seu filho. Esse cenário é problemático na medida em que, além de gerar um descrédito desse tipo de procedimento, tal prática acentua a criminalidade, o que é nocivo à dignidade humana. Dessarte, urge que o Governo do Estado, por meio de campanhas educativas, pode orientar a população sobre a necessidade fecunda de conversar sobre esse tema em casa, com o intuito de evidenciar os benefícios e desmitificar preconceitos. Ademais, o MEC deve fazer uma reforma curricular, que torne o ensino sobre a importância da doação de órgãos obrigatório em todas as escolas, por intermédio de consultas na internet para a determinação da carga horária, visando a conscientização dos alunos já no ensino básico. Além do mais, o Ministério Público, por intermédio de canais de denúncia anônima, tal como uma delegacia especializada, deve investigar sobre a possível existência da venda de órgãos e punir os responsáveis com a suspensão do direito de exercer a profissão, objetivando a maior segurança para a população. Logo, os desafios para a doação de órgãos poderão deixar de ser uma utopia para o país.